Darius Cozmic Collection Arcade – Análise
É rara a pessoa que nasceu nos anos oitenta ou noventa que desconheça o mundo dos jogos “arcade”. Quantos de nós não colocámos moeda atrás de moeda, no meio de toda uma ação frenética, frente a uma horda de mortos-vivos em House of the Dead ou nas corridas loucas de Daytona USA? Darius, um “shoot’ em-up” da TAITO, não encaixa no mesmo universo de outros clássicos das “arcades”, sendo um fenómeno mais popular no Japão. É no entanto inegável que a experiência e fenómeno Darius é metade engenho da TAITO, metade jogabilidade frenética de “scroll” horizontal e banda sonora única e peculiar. Pensem nas cabines “arcade” de After Burner ou Out-Run da Sega.
Darius Cozmic Collection Arcade, à venda na eShop por €39,99 desde o dia 16 de junho, junta quatro títulos (na realidade são três; explicarei na análise o porquê) desta série: Darius, Darius II, SAGAIA e Darius Gaiden. Antes de incidir sobre cada um dos jogos para efeitos de análise propriamente dita é obrigatório referir que quem trabalhou nesta coleção foi a equipa M2, especialistas em emular jogos da melhor maneira possível, não fossem os vários Sega Ages ou 3D Classics (para a Nintendo 3DS) prova da sua reputação bem merecida. Felizmente a mestria mantém-se nesta geração, e o próximo parágrafo discorre sobre o que torna a M2 tão reconhecida no campo da emulação.
Antes de escolher um jogo no cardápio aqui presente somos brindados com um ecrã que explica resumidamente as particularidades de cada versão. Após a seleção é dada uma escolha entre um modo auto-intitulado “normal” e um modo de treino, que permite uma maior definição de parâmetros. Dentro de um jogo é no menu de pausa que a magia acontece, onde se encontram cinco categorias que permitem alterar definições como o nível de dificuldade, o número de vidas disponíveis, ou o nível de pontuação para obter uma vida extra. É igualmente possível alterar o esquema de controlos, a velocidade dos disparos, a proporção do ecrã, entre muitas outras opções mais ou menos habituais. Não seria possível terminar o parágrafo sem mencionar que cada jogo aqui presente tem doze vagas para guardar o avanço do jogador e retomá-lo a qualquer altura. Esta será talvez a mais útil, pois a própria estrutura de Darius é baseada nos caminhos que o jogador pode seguir. Poderia continuar com este tête-à-tête entre a minha pessoa e o amor que sinto pelo trabalho da M2 mas os jogos, também eles marcos de excelência dos “shoot’ em-up”, precisam de atenção.
Antes de proceder com Darius I é preciso esclarecer uma questão que atrapalha os novos fãs do género. A Cozmic Collection Arcade (assim como a oferta Console) divide os jogos em versões diferentes. Darius I, por exemplo, divide-se em “Old Version”, “New Version” e “Extra Version”. Cada uma representa o mesmo jogo com alterações a nível de dificuldade e em parte, da jogabilidade. Independentemente das diferenças, o primeiro Darius é o início de um legado estranho de “shoot’ em-ups” baseados em robôs alienígenas semelhantes à vida aquática terrestre. Com “power-ups” que transformam a nave numa força quase indestrutível, o avanço faz-se sentir com um ambiente visual vibrante para a sua época, uma banda sonora quase etérea a roçar a ficção científica, e uma estrutura de níveis com várias ramificações. O único senão deste título, pelo menos na Nintendo Switch, é o ecrã ser pequeno demais para acomodar toda a informação exposta, uma consequência do formato da máquina “arcade” de Darius.
Em Darius II este problema deixa de existir, em parte devido à forma como a “arcade” dividiu o ecrã de jogo em dois. Apesar das melhorias a nível visual e de uma subida de qualidade na banda sonora, esta segunda oferta é mais do mesmo quando comparada à primeira: peixes alienígenas robóticos, ação imparável e “power-ups”. Aproveito também para esclarecer o que foi mencionado no início da análise. SAGAIA é a suposta terceira oferta do catálogo mas é na realidade uma adaptação de Darius II para o público ocidental. As etapas são de uma duração mais curta, o que incitou a uma subida no nível de dificuldade. Como se não bastasse, alguns “bosses” morrem mais depressa; alguns até desapareceram, bem como alguns locais do jogo. É mais fácil imaginar SAGAIA como uma versão mais compacta de Darius II.
O ponto alto da coleção, fechado a chave de ouro, encontra-se em Darius Gaiden (também conhecido como Darius III). Neste terceiro capítulo da série encontramos, logo na primeira hora de jogo, duas alterações muito bem-vindas e substanciais na jogabilidade: uma bomba que arrasta todos os inimigos para o centro, e a capacidade de transformar alguns inimigos em aliados. Não obstante, o jogo também apresenta algumas modificações no sistema de “power-ups”, enaltecendo uma melhor sensação de avanço na escala de poder da nave. Talvez o mais interessante seja mesmo o percurso, quer do ponto de vista artístico, quer do ponto de vista técnico. A banda sonora, por exemplo, vai buscar inspiração aos Darius I e II, multiplica tudo por cem e proporciona uma experiência frenética e quase psicadélica, mas também suave e sombria. Outro aspeto curioso é a sua tentativa de introduzir características referentes ao sub-género conhecido como “bullet hell”. Darius Gaiden é um autêntico deleite para qualquer fã deste estilo, e uma vivência sublime do ponto A ao ponto Z.
No entanto, e para minha tristeza, existem alguns pontos a sublinhar que merecem ser discutidos. Enquanto que não há dúvida da excelência no processo de emulação, não estão presentes extras (elementos típicos nestes lançamentos) que ajudem a justificar o preço pedido. Uma outra questão, pelo menos para algo que parece apresentar-se como uma coleção definitiva, é a omissão de G-Darius. Provavelmente assim o é, pois este último trouxe um ambiente visual 3D à série. Numa coletânea baseada nos jogos em 2D esta opção poderia ser, como se costuma dizer, “fora do quadrado”, e interessante.
CONCLUSÃO
CONCLUSÃOPontos positivos
- Darius Gaiden
- Opções de emulação
- Ação espetacular do início ao fim em cada jogo
Pontos negativos
- Ausência de G-Darius
- Darius I no ecrã da Nintendo Switch
- Sem extras por desbloquear
Analisar um videojogo é como uma experiência gastronómica: pode correr muito bem, muito mal ou não correr de todo. Pelo menos é o que este membro da equipa acredita. No entanto, nunca deixará que a sua fome altere os critérios de análise. Pelo menos não muito.
A Switch está com um catálogo impressionante de shoot’ em-ups. Entre clássicos e novidades, há imensa coisa.
ESP Ra. De. Psi, PSiKYO, R-Type, Danmaku, Ikaruga e agora Darius … O que não falta é shoot’ em ups!