Xenoblade Chronicles Definitive Edition – Análise
Faz já uma década que Xenoblade Chronicles foi lançado na velha Wii e desde então tornou-se um dos pesos pesados dos JRPGs, com sequelas na Wii U e Nintendo Switch, e viu ainda o seu protagonista original entrar nos últimos capítulos da série Super Smash Bros. Em dez anos o nome Xenoblade tornou-se sinónimo de mundos gigantescos e atraentes. Personagens como Shulk e o seu grupo tornaram-se algumas das figuras mais reconhecidas das comunidades de jogadores, protagonizando uma série de “memes” e de ilustrações feitas por fãs. Dizer que o anúncio de Xenoblade Chronicles: Definitive Edition foi uma surpresa é pouco: ninguém estava à espera da notícia, nem de ver as melhorias que foram exibidas. Agora que o jogo se encontra nas nossas mãos é possível afirmar que Xenoblade Chronicles continua a ser uma obra tão ímpar como da primeira vez que o joguei.
Xenoblade Chronicles conta-nos a história de Shulk e dos seus companheiros, habitantes do colossal Bionis, que estão envolvidos num conflito constante com os habitantes do igualmente colossal Mechonis. Estes colossos viveram em conflito entre si e feriram-se mutuamente, dando lugar após as suas mortes a que se gerasse vida nos seus cadáveres gigantescos, o que por sua vez causou um novo conflito numa escala mais pequena. A peça chave para equilibrar esta guerra é a misteriosa Monado, uma espada que tem o poder de ferir os Mechons, e é a única esperança de Bionis contra as hordas inimigas. Inicialmente Dunban tenta utilizar Monado para evitar que o exército de Mechons invada o território entre os dois colossos mas o preço por utilizar a espada sem limites leva à incapacidade de Dunban, deixando assim Monado sem ninguém que a possa empunhar. Meses depois, os Mechons atacam Colony 9, onde Shulk e os seus amigos vivem, e Shulk decide empunhar Monado para proteger os amigos. Shulk descobre assim que Monado lhe concede o poder de ver o futuro próximo, facilitando o combate a esta ameaça. Shulk parte então com o seu grupo de companheiros em busca de vingança contra um certo Mechon, bem como à procura de respostas para o mistério da espada Monado e das visões de Shulk, que eventualmente os leva a inúmeras aventuras e revelações.
A história de Xenoblade Chronicles é um dos pontos fortes, com imensas personagens bem escritas e com personalidade para dar e vender. Neste aspeto, a Definitive Edition não mudou nada à superfície, trazendo uma melhoria visual e uma nova gravação orquestral de toda a banda sonora. Visualmente este Xenoblade utiliza muito da geometria original do mundo de jogo, com alguns melhoramentos onde era necessário. A maior mudança é mesmo a dos modelos das personagens, apresentando uma melhoria significativa da qualidade nas caras, com especial atenção dada à sincronização dos lábios nas sequências cinemáticas com mais impacto no enredo. Além disso, a mudança para o motor de jogo usado em Xenoblade Chronicles 2 inclui também as melhorias dos efeitos de luz e de pós-processamento que se encontram na sequela, bem como um filtro que torna a imagem mais nítida e melhora a definição no ecrã da Switch, embora não tenha um efeito tão visível como em Xenoblade Chronicles 2.
De todas as alterações e melhorias a mais importante está no sistema de tarefas opcionais, que finalmente permite classificar uma tarefa nova para marcar o caminho do objetivo ou destino no mapa, eliminando assim muito do trabalho de adivinhar onde possa estar certo item ou inimigo. Esta alteração torna o conteúdo opcional muito menos entediante que no jogo original, e embora muitas das tarefas não sejam interessantes em termos de diálogo ou significância para a história principal acabam por contribuir bastante para a experiência, trazendo novos locais secretos e melhor equipamento.
O jogo inclui também duas modalidades conhecidas como “Expert Mode” e “Casual Mode” que permitem personalizar o nível de dificuldade para um desafio maior ou menor. Isto é especialmente útil para quem esteja mais interessado no desenolrar da história do que na jogabilidade…ou no outro caso, para quem já completou o original e procura agora um desafio mais exigente. Infelizmente a inteligência artificial dos nossos parceiros de combate não conheceu grandes melhorias, causando alguns problemas de combinação em combate. Regra geral, para combinações que causem um “Topple” no adversário, os companheiros de combate costumam responder de acordo com esses estados, mas para outras tarefas como curar e manter a tensão alta, já ficam um pouco aquém das expectativas. A interface de combate também melhorou bastante a resposta visual para o jogador. Para ataques que causam efeitos adicionais em posicionamento diferente, existe agora um símbolo para sinalizar quando temos essa oportunidade, bem como um marcador de tempo para essa habilidade de forma a saber quando poderá ser usada novamente. Já o indicador de experiência debaixo dos pontos de vida foi substituído pelo total de vida de cada membro. O indicador de experiência mantém-se, embora de forma muito mais subtil, e toda a interface tem um contraste bastante pronunciado, o que torna fácil de ler tanto no ecrã da consola como numa televisão.
Para os que procuram um desafio ainda maior, existe um novo modo de contrarrelógio, semelhante aos desafios de arena de Xenoblade Chronicles 2. Este modo encontra-se acessível através de um portal em vários locais do mundo de jogo. Aqui os jogadores escolhem os desafios e ao completar cada um deles recebem uma nova moeda que pode ser trocada por equipamento ou pedras preciosas. É completamente opcional mas traz uma variedade de desafios bastante alargada, que se tornam especialmente difíceis depois do fim do jogo. Esta Definitive Edition conta ainda com um novo episódio que serve de epílogo. Focando-se primariamente na história de Melia Antiqua um ano após os eventos da história principal, Future Connected é uma curta campanha de dez a quinze horas que se passa numa zona totalmente nova, o Bionis Shoulder. Aqui o combate sofre umas pequenas alterações devido aos membros do grupo serem limitados, mas não deixa de ser uma bela conclusão para a história de Xenoblade Chronicles.
Infelizmente o preço para todos estes melhoramentos e qualidade de vida do jogo traduz-se em ter de acatar os mesmos problemas de Xenoblade Chronicles 2 no que diz respeito ao desempenho do jogo na Nintendo Switch. O jogo corre em resoluções muito baixas no ecrã da consola, o que torna a imagem pouco nítida em locais onde acontecem bastantes coisas ao mesmo tempo. Infelizmente isto traduz-se também num número de fotogramas por segundo igualmente baixo quando a ação se torna demasiado ocupada com efeitos visuais. Mesmo com estes problemas de desempenho, Xenoblade Chronicles continua fantástico de se jogar, possivelmente mais ainda que no seu original ou na sua encarnação na Nintendo 3DS.
CONCLUSÃO
CONCLUSÃOPontos positivos
- Bastantes melhorias na experiência
- Banda sonora orquestral fenomenal
Pontos negativos
- Resolução baixa
- Problemas de desempenho em locais ocupados
O chicote que mantém a máquina a funcionar. Entusiasta pela indústria e com um gosto variado, mas com um especial amor por JRPG, nunca deixa escapar uma boa promoção e por consequência tem uma coleção maior do que alguma vez poderá ter tempo para a terminar.