Superliminal – Análise
Temos aqui um jogo de “puzzles” na primeira pessoa onde estamos dentro de um sonho, ou pelo menos uma simulação de um sonho. Há uma voz que nos guia, uma vez que estamos presos, e para fugirmos temos de solucionar uma miríade de “puzzles”. Muitos dos desafios recorrem a ilusões de ótica para solucionar, obrigando o jogador a pensar fora do quadrado. Por exemplo, podemos pegar num objeto grande mas se recuarmos e posicionarmos a câmara de modo a forçar outra perspetiva, é bem possível reduzir o tamanho do objeto de forma a que caiba, digamos, numa fechadura. Eu sei, escrito parece estranho mas quando se joga, a ideia é transmitida de forma muito fácil de compreender. Ver para crer, não? Trata-se de um jogo que obriga a usar bastante os olhos e a cabeça, bem como a exercitar o músculo da paciência.
Ainda na mesma ordem de ideias, Superliminal é um jogo que se aprecia mais a ver do que a jogar. Ou pelo menos a ver alguém que saiba o que está a fazer. Algumas secções fazem lembrar o filme Inception, quando se está dentro dos sonhos e se começa a manipular a realidade. Há também muitas piscadelas de olho a outros jogos na hora de criar desafios. Pode não ser cem por cento original mas na forma como é recriado e como se apresenta ao jogador, Superliminal diverte bastante o jogador. Há aqui uma noção de enredo, um fio condutor que liga os “puzzles” mas que acaba por ser secundário e fica para trás para trazer os desafios ao de cima. Não que o jogo mereça ser criticado por isso mas fica a impressão que ou a experiência se centraria inteiramente nos “puzzles” ou o enredo teria mais peso.
Dito isto, é importante que os “puzzles” sejam competentes. Resolver os mesmos “puzzles” uma e outra vez é aborrecido, mas sempre vamos tendo alguma variedade. Pouca, mas era bom que o jogo soubesse parar. Uma solução possível passa por jogar em intervalos curtos e não de uma vez, talvez assim se tolere melhor as mecânicas. Sonhos, sonhos, distorção da realidade – seria de esperar que a estética de Superliminal apostasse num ambiente visual abstrato ou mais estranho. Isto acontece em parte, mas ver repetidamente os mesmos cenários com variações mínimas acaba por cansar, bem como a repetição dos “puzzles”. Já no campo auditivo, também não se encontra nada de destaque e não se pode dizer muito mais além de que é competente durante toda a experiência.
CONCLUSÃO
CONCLUSÃOPontos positivos
- Longevidade
- Foco nas ilusões de ótica e perspetivas
- Premissa
Pontos negativos
- Repetitivo
- Pouco divertido
Tempo contado, demasiadas ocupações. Para aguentar uma crise de tenra idade, o André joga e escreve sobre jogos. É fã de RPG japoneses e de uma história de puxar à lágrima.