The Legend of Heroes: Trails of Cold Steel III – Análise
Nenhuma outra série se aproxima da enormidade de texto e referências a outros jogos como The Legend of Heroes. A Nihon Falcom continua na sua senda de criar um universo riquíssimo em termos de história, conhecimento e mitologia. Trails of Cold Steel é apenas uma de várias séries concorrentes do mesmo mundo, e com o lançamento de Trails of Cold Steel III na Nintendo Switch este é por coincidência o primeiro jogo de série na consola.
Trails of Cold Steel III, que chegou ao ocidente pela mão da NIS America e foi desenvolvido pela Falcom, é um novo começo na longa jornada de Rean Schwartzer, o novo herói de Erebonia, o território onde decorre a maior parte do jogo. Rean é um recém-formado da famosa Class VII e após alguns meses, é colocado como instrutor na nova academia Thors, onde Rean é encarregado de instruir a próxima Class VII. No meio de caras novas, os fãs da série vão também encontrar personagens recorrentes não só dos jogos anteriores, como também da série Zero no Kiseki, que infelizmente não se encontra disponível fora do Japão e tem grande importância nos eventos da campanha de Cold Steel III.
Se muito disto parece confuso, é porque é uma tarefa monumental para quem queira entrar na série com Cold Steel III como ponto de começo. Embora se encontre uma espécie de resumo dos dois jogos anteriores no menu inicial do jogo, começar a partir de Cold Steel III é o equivalente a ter a nossa primeira impressão da Guerra das Estrelas a começar pelo Episódio VII, onde muito do contexto dos eventos anteriores e o peso das escolhas das personagens se perde, e a série Trails é conhecida sobretudo pelas referências (por vezes a sério) a jogos paralelos como Trails in the Sky e o já referido Zero no Kiseki. Para aliviar um pouco, a nova Class VII partilha muito do ponto de vista de um jogador novo, conhecendo apenas Rean como o herói de Erebonia mas não o estudante, levando a interações interessantes e algum diálogo explicativo quando se encontram com outras personagens do passado de Rean.
Trails of Cold Steel III é um jogo longo e com bastante para contar e viver. Embora seja o terceiro título da série, Cold Steel III sofreu imensas alterações no sistema de combate, e para melhor. O combate por turnos começa ao interagir com inimigos no mapa e no mesmo local onde são iniciadas, em vez de sermos transportados para um cenário genérico de batalha. Isto alivia bastante o tempo de carregamento entre batalhas e ajuda a manter a imersão do espaço dentro e fora de combate, sem perder a noção de onde ficámos antes do início. O combate em si é aparentemente bastante simples mas conta com imensos sistemas diferentes ao dispor. Cada personagem tem as suas próprias habilidades especiais e as chamadas Orbal Arts, magias que permitem abordar cada combate com imensa versatilidade e variedade tática.
Sempre em grupos de quatro personagens, o nosso grupo pode ser organizado em pares para executar ataques de apoio quando os inimigos entram em estado de “Break”, que acontece quando o jogador inflige ferimentos suficientes para esvaziar o indicador de “Break” do inimigo. Em termos de facilidade de seleção das escolhas em combate, o menu convencional dos jogos precedentes é substituído por algo mais rápido e semelhante aos menus de Persona 5, em que cada botão está ligado a um conjunto de ações específicas. De início é um pouco difícil de perceber mas com o tempo, acaba por ser mais útil e rápido de utilizar que os menus convencionais.
Em geral, o sistema de combate permite que o jogador possa abordar qualquer situação como preferir, sem forçar a adotar uma única estratégia especificamente para aquele combate, oferecendo imensas táticas que podem ser exploradas, como atrasar o turno do inimigo, forçar um “Break” rápido para facilitar combinações, entre outras mais avançadas.
Para auxiliar, o sistema de personalização das personagens para empregar habilidades possibilita o uso de magias mais potentes desse elemento. Visualmente Trails of Cold Steel III não é a obra mais deslumbrante, assemelhando-se a jogos do fim da era da GameCube em termos de pormenores visíveis. Mesmo assim não significa que não seja um jogo apelativo, embora as suas sequências cinemáticas deixem muito a desejar no que conta à animação das personagens. Em geral, muita da apresentação nesse aspeto parece ter ficado parada no tempo, e com tantos jogos da mesma série já se esperava algum melhoramento na sua direção artística e realização gráfica.
CONCLUSÃO
CONCLUSÃOPontos positivos
- Combate excelente
- Personagens bem desenvolvidas
Pontos negativos
- Início muito lento
- Alguns problemas de desempenho
O chicote que mantém a máquina a funcionar. Entusiasta pela indústria e com um gosto variado, mas com um especial amor por JRPG, nunca deixa escapar uma boa promoção e por consequência tem uma coleção maior do que alguma vez poderá ter tempo para a terminar.