Paper Mario: The Origami King – Análise
Ao longo das suas duas década de vida, a série Paper Mario tem granjeado prestígio e admiração q.b., mas também não tem estado afastada de polémicas. Embora tenha nascido sob a forma de um RPG, paulatinamente tem-se tornado mais acessível e despida das mecânicas “roleplay” mais complexas. Sticker Star e Color Splash exemplificam esse caminho e por isso, foram mal recebidos por muitos fãs. A Intelligent Systems volta à carga com uma nova aventura Paper Mario sob o nome de Paper Mario: The Origami King. Quem esperava um RPG robusto, não é aqui que o vai encontrar. Anunciado de surpresa há um par de meses, Paper Mario: The Origami King não é o regresso às origens esperado e desejado por muitos, antes pelo contrário. Segue um caminho autónomo, com algumas boas ideias e um carisma muito próprio, sendo talvez altura de assumir definitivamente que Paper Mario é sobretudo uma série de aventura e de quebra-cabeças, com alguma exploração pelo meio. Mas vamos por partes.
O subtítulo leva-nos rapidamente a perceber que a temática aqui reside no “origami”, arte tradicional japonesa de criar figuras a partir de papel dobrado. Mario e Luigi foram convidados para um festival de origami no castelo da princesa Peach mas algo de inesperado aconteceu e mais uma vez, Peach está em apuros: o malvado rei Olly transformou a princesa em origami, arrancou o seu castelo e encerrou-o com tiras de papel. Cabe ao sempre heróico Mario salvar Peach, agora com ajuda da sua nova amiga Olivia, irmã do malévolo rei. O enredo parte das premissas habituais de salvamento de princesas, mas surpresas pelo meio, diálogos com muito humor e até alguma seriedade em bastantes momentos tornam a experiência muito agradável, com vários sorrisos tirados ao longo da aventura. O enredo sai reforçado pelo carisma de muitas personagens icónicas do universo Super Mario.
Explorar os mundos de The Origami King é talvez um dos pontos mais relevantes desta obra. Mesmo não sendo um puro jogo de mundo aberto, existem espaços amplos que merecem ser explorados com o máximo cuidado, ligados por Toad Town, que funciona como base de exploração. A navegação varia entre elementos mais típicos de jogos de plataformas, secções ao volante de veículos por montanhas, ou até pelos mares: cenários cheios de pormenor, construídos com cuidado, muito variados entre si e que apelam à exploração. Encontram-se inúmeras surpresas que nos levam a martelar desalmadamente à procura de Toads para salvar, dinheiro, tesouros ou até confettis, que são úteis para tapar buracos. Está ainda incluído um sistema de conquistas. A tudo isto juntam-se desafios sob a forma de minijogos ou até alguns quebra-cabeças, nada de excessivamente difíceis, que podem exigir o uso de algumas habilidades de Mario. Por exemplo, a “1000-Fold Arms” permite interagir com o cenário, sendo possível utilizá-la para esticar, puxar, descolar e revelar novos locais. Pelo caminho, há ainda a possibilidade de recorrer à assistência de aliados, entre outras surpresas.
A grande novidade de Paper Mario: The Origami King, e que mais interrogações levantou nas últimas semanas, é o seu novo sistema de combates baseado em anéis. Há algumas boas notícias, outras nem tanto. Nestes combates dinâmicos por turnos temos de alinhar os inimigos posicionados em pontos diferentes da arena e maximizar os danos que lhes provocamos, tudo isto dentro de um tempo limite. De início o desafio é muito acessível e facilmente se vence os inimigos sem qualquer tipo de contra-ataque. Com o tempo começa a colocar-se algum desafio e alguns grupos de inimigos são capazes de atacar com um poder muito mais elevado. O grande problema aqui é que não existe qualquer incentivo para entrarmos em combates com os inimigos ao longo dos cenários, com exceção de salvamento de alguns Toads, pois não há qualquer sistema de experiência ou de subida de nível. A ideia deste sistema é interessante mas a falta de elementos RPG diminui enormemente o seu potencial, acabando por ser sobretudo um sistema de combates em forma de “puzzle”. Outro problema reside nos equipamentos, que se limitam a oferecer armas mais fortes, embora com tempo de vida limitado. Existem ainda acessórios que melhoram a vida, defesa e tempo para organizar os anéis na arena, mas o destaque vai para os acessórios que facilitam a busca por itens escondidos no cenário.
Felizmente as lutas contra “bosses” redimem algumas das fragilidades do jogo e introduzem mecânicas adicionais que exigem um nível de pensamento estratégico muito mais apurado. Ao contrário dos combates normais, os “bosses” posicionam-se no centro da arena e precisamos de rodar os anéis e mover as setas de forma a encontrar um caminho para atacar o inimigo. Aqui é importante descobrir o ponto fraco do “boss” e fragilizá-lo de forma a ganhar vantagem. Óbvio que nem tudo é fácil, são colocados obstáculos pelo caminho e os ataques dos “bosses” são, regra geral, bastante poderosos.
Mesmo correndo a 30fps, esteticamente Paper Mario: The Origami King é impressionante e exibe um charme muito próprio. A variedade de cenários construídos em papel e o seu contraste com elementos 3D, além do uso e abuso de uma paleta alargada de cores, fazem deste jogo uma belíssima obra. Fica lindo numa TV de proporções generosas, até mais do que no ecrã da Switch. A própria banda sonora tem uma qualidade elevada e enquadra-se nos momentos diferentes do jogo, dando-lhe até um toque de humor extra.
CONCLUSÃO
CONCLUSÃOPontos positivos
- Incentivo à exploração
- Sistema de combate baseado em anéis tem algumas ideias boas
- Charme visual
Pontos negativos
- Despido de elementos RPG
- Alguma repetição nos combates
Calorias, nutrientes e Nintendo. Três palavras que definem o maior fã de F-Zero cá do sítio. Adepto de hábitos alimentares saudáveis, quando não anda atrás de uma balança, costuma estar ocupado com as notícias mais prementes e as análises mais exigentes.