Hotel Sowls – Análise
As aventuras “point and click” tiveram a sua era dourada no período que medeia entre o final dos anos oitenta e o final dos anos noventa, onde clássicos como King’s Quest e Monkey Island fizeram as delícias de muitos. Nos nossos dias já não se trata de um género tão presente como no final do século XX mas a década presente ainda nos trouxe alguns bons representantes, como o “remaster” de Day of the Tentacle. Hotel Sowls é um jogo indie que encaixa no mundo das aventuras “point and click” e é um bom esforço que nos remete para o que de melhor se encontra neste género.
Muito do que apelava a jogadores em relação a estas aventuras residia nas suas histórias envolventes com personagens memoráveis, e esse é o ponto forte de Hotel Sowls. Um farmacologista descobre um artigo antigo que fala sobre uma pedra preciosa mágica e valiosa e depois de uma viagem longa, adquire a desejada pedra e decide descansar num hotel antes de voltar para casa. Rapidamente percebe que algo de muito estranho se passa naquele estabelecimento, ao ponto de durante a primeira noite alguém entrar no quarto e lhe roubar a pedra. Cabe ao jogador descobrir quem roubou a pedra e recuperá-la mas muita coisa acontece entretanto. A maneira como isto tudo acontece é bastante intrigante e deixa o jogador com curiosidade para saber o que se passa no hotel. A história dá uma série de voltas e tem um desfecho que pode surpreender muitos, o que já é merecedor de elogios.
Para cumprir o objetivo é preciso conhecer todos os empregados do hotel, falar com eles e ter atenção ao que dizem para saber o que fazer a seguir. Todos exibem um carácter e um comportamento distinto e bizarro, o que os torna memoráveis. Mesmo o hotel em si foi feito de uma maneira fácil de reter o que se encontra em cada andar e divisão. A cada evento o jogo incentiva a voltar atrás e a falar com todos os funcionários, podendo-se fazer cada vez mais perguntas ao longo do jogo, e embora a experiência não recrie exatamente a de um detetive, o mundo aqui presente é bastante interessante. Após um certo ponto na história o protagonista aprende a verdadeira natureza do hotel, ponto que constitui uma reviravolta inesperada, mas o mais interessante é que esse acontecimento pode ser uma alegoria referente a temáticas relevantes para a nossa vida. O final pode ser interpretado como uma mensagem importante para nós como seres humanos e isso é algo digno de registo.
A jogabilidade funciona tal e qual como numa aventura “point and click” convencional, embora deva dizer-se que podia apresentar algumas ideias mais originais e “puzzles” mais desafiantes. Ao longo do jogo é possível descobrir itens pelo hotel com um suposto propósito mas a maioria acaba por não ter grande utilidade. A quantidade de itens aqui presente é bastante grande e levanta a questão do porquê de tantos objetos sem propósito. Pode-se argumentar que fazem parte do ambiente, mesmo como forma de melhor apresentar o hotel como um espaço autêntico e com vida própria mas não se reflete de forma inteiramente positiva a nível da jogabilidade. A experiência é gratificante e os “puzzles” têm a sua lógica a nível de desafio requerem algo mais.
Nem todos vão gostar da apresentação de Hotel Sowls, tem aspeto de ser um jogo feito por uma equipa muito pequena e com um orçamento baixo mas eu diria que é bastante criativa e diferente de muitos jogos que vemos por aí. As personagens têm um desenho bizarro, por vezes cómico, o que faz do ambiente visual do jogo uma componente memorável, enquanto os cenários com falta de cor por vezes facilitam a procura de objetos e pontos de interesse. A música, embora algo genérica e simplista em termos de melodia, complementa o ambiente do jogo de maneira importante, especialmente nos pontos cruciais da história. É um daqueles casos onde a simplicidade resulta em favor do jogo.
CONCLUSÃO
CONCLUSÃOPontos positivos
- História surpreendentemente boa
- Estilo visual criativo
- Banda sonora estabelece bem o ambiente
- Recompensas pela atenção ao diálogo
Pontos negativos
- Os "puzzles" demasiado simplistas
- Muitos objetos sem propósito
Eu sou um amante de videojogos, que adora falar sobre o que faz um videojogo bom ou mau. Mas acima de tudo adoro entreter pessoas e fazê-las rir, por isso decidi dedicar-me a criar um canal onde posso por em prática duas das coisas que mais amo fazer.