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Best Friend Forever – Análise

Os simuladores de engate são abundantes na internet e muitos tentam replicar, até certo ponto, a vida de uma pessoa solteira com mecânicas RPG à mistura. Ainda assim, nunca vi um esforço tão diferente como Best Friend Forever, um jogo com opções mais inclusivas, juntando pelo meio uma mecânica para tratar do melhor amigo mais fofinho de sempre.

No entanto, Best Friend Forever é bastante metódico e simples na sua execução. Como em qualquer bom simulador de relações humanas, exibe uma quantidade absurda de texto, ao estilo de uma “Visual Novel”, em conjunto com mecânicas como gerir o nosso tempo pessoal e selecionar entre várias interações que são, por extensão, uma tentativa de incorporar o nosso “eu” na personagem principal. No meio desta sopa, para variedade e originalidade dentro do género está um pseudo sistema “à la” Nintendogs, sem que consiga atingir o mesmo nível de profundidade.

O início é, à falta de um melhor adjetivo, demasiado “clichê”: farto de uma vida sem sentido, a decisão do protagonista de se mudar permanentemente para um sítio completamente idílico conhecido como Rainbow Bay é tomada por impulso. Neste lugar mágico e muito cor-de-rosa são vários os solteiros, cada um com o seu canito, à procura de viver uma vida descontraída repleta de romance. Se a criação da personagem do jogador é um ponto positivo, infelizmente as opções são muito limitadas. Enquanto opções como escolher o nosso pronome são progressivas e bem-vindas, a representação visual está presa a três opções muito limitativas.

Dentro da cidade somos coagidos a descarregar uma aplicação chamada “Woofr”, um Tinder para amantes de cães e após um questionário ridículo, somos rapidamente colocados na fila para adotar o nosso próprio animal de estimação. O que se segue depois depende sempre do jogador, mas está sempre dentro do que se espera de um jogo como este. O que é um pouco fora do habitual é a representação da localidade de Rainbow Bay.

Fazendo jus ao seu nome, Rainbow Bay é uma cidade impossivelmente colorida. Como se os tons cor-de-rosa não fossem suficientemente abundantes, o elenco que povoa esta pequena cidade é muito divertido e variado. Desde os bairros aos patudos em questão, tudo em Rainbow Bay surpreende pela positiva, onde até a própria interface gráfica de Best Friend Forever não fica aquém da fasquia. Quem já jogou este tipo de simuladores ou “Visual Novels” sabe o que esperar de uma parte da jogabilidade mas a estrela do jogo é outra, embora o seu brilho ofusque tudo o resto.

Tratar do nosso melhor amigo é literalmente uma tarefa a tempo-inteiro. Enquanto a nossa personagem conversa com outra e estamos entretidos a ler o diálogo, de repente o nosso companheiro felpudo decide largar um cocó. Somos então obrigados a manusear um esquema de controlo para colocar as ditas fezes no caixote. Duas ou três linhas de texto à frente começa a pedir festas ou outra necessidade qualquer. Chega a ser irritante: é preciso que o jogador se concentre no texto, mas o pequenote não pára quieto, acaba por ser uma experiência algo exaustiva. No entanto e fora essas pequenas interações que retiram ou atribuem pontos à estatística do nosso companheiro, em cada fim-de-semana temos de programar uma série de atividades encadeadas para melhorar os chamados “Bork Points”. Estas atividades são opções que não têm nada a ver com minijogos, são antes linhas de texto para no divertir e com a finalidade de licenciar o patudo numa espécie de academia para cães.

Nem tudo em Best Friend Forever é cor-de-rosa e maravilhoso. Apesar de estar prometida uma atualização com vista a resolver vários assuntos, o mais relevante é o esquema de controlo. Ainda que desenvolvido a pensar numa interface com um teclado e rato, tudo aqui utiliza o analógico esquerdo da Nintendo Switch. Isto não seria muito mau mas a verdade é que o cursor atravessa o ecrã de uma forma muito lenta, e mesmo utilizando o ecrã tátil da consola muitas das vezes alguas interações com o cão exigem alguma espécie de “feedback” mas sem qualquer explicação: fazer festas, por exemplo, requer vários toques repetidos no focinho do patudo em vez do muito mais instintivo passar da mão no pêlo do animal com tranquilidade. Ao menos o gesto universal para apanhar cocó consiste apenas em tocar no dejeto e arrastá-lo até ao caixote do lixo.

CONCLUSÃO

CONCLUSÃO
5 10 0 1
Sem nunca conseguir definir o que quer ser, Best Friend Forever é parte um jogo onde se tenta arranjar uma vida amorosa e outra parte tratar do cão dentro de um tempo limite. A cidade e as personagens são interessantes e coloridas, mas a criação do protagonista é claramente uma consideração a posteriori. O desempenho na Switch é bom, apesar de não ser um jogo particularmente exigente, mas o sistema de controlo e uma série de falhas acabam por prejudicar a experiência. Ainda assim, a grande nódoa consegue ser apanhar o cocó do cão, tarefa essa que interrompe a ação por várias vezes.
Sem nunca conseguir definir o que quer ser, Best Friend Forever é parte um jogo onde se tenta arranjar uma vida amorosa e outra parte tratar do cão dentro de um tempo limite. A cidade e as personagens são interessantes e coloridas, mas a criação do protagonista é claramente uma consideração a posteriori. O desempenho na Switch é bom, apesar de não ser um jogo particularmente exigente, mas o sistema de controlo e uma série de falhas acabam por prejudicar a experiência. Ainda assim, a grande nódoa consegue ser apanhar o cocó do cão, tarefa essa que interrompe a ação por várias vezes.
5/10
Total Score

Pontos positivos

  • Rainbow Bay e suas personagens

Pontos negativos

  • Criação de personagens limitada
  • Objetivo final pouco claro
  • Sistema de controlo

Ulisses Domingues

Analisar um videojogo é como uma experiência gastronómica: pode correr muito bem, muito mal ou não correr de todo. Pelo menos é o que este membro da equipa acredita. No entanto, nunca deixará que a sua fome altere os critérios de análise. Pelo menos não muito.