Paradise Killer – Análise
Desenvolvido pela Kaizen Game Works, Paradise Killer é um jogo que junta elementos de exploração na primeira pessoa com um enredo misterioso e um formato “visual novel”. Ambos os aspetos são fundamentalmente interessantes mas o cerne da questão está na soma das suas partes, que nos traz um dos jogos mais estranhos no catálogo da Nintendo Switch. Com um mistério cativante por resolver e uma ilha tropical inteira por explorar, Paradise Killer consegue elevar a fasquia colocada por jogos como Danganronpa ou Ace Attorney.
O enredo segue Lady Love Dies, uma detetive previamente exilada, na tarefa de investigar homicídios cometidos na ilha tropical conhecida como Paradise Island. As infelizes vítimas fazem parte de uma entidade chamada The Syndicate, responsável pela criação do local paradisíaco em questão. Não referindo todo um leque de contextos, a história é inquestionavelmente estranha mas ao mesmo tempo, consegue ser sedutora com todos os seus mecanismos narrativos. Explorar mais elementos na análise seria estragar a surpresa, mas envolve muitos deuses e demónios; esta é sem dúvida uma demanda como nunca antes viram. O único senão de Paradise Killer é o seu conteúdo quase bíblico, muito massudo, com a quantidade absurda de sabedoria exigida e proveniente de todos os contextos (nomes estranhos de personagens, testemunhos complexos, entre outros).
A jogabilidade divide-se em dois pólos: exploração e investigação. A exploração, onde controlamos Lady Love Dies numa perspetiva de primeira pessoa, é um autêntico mundo aberto: é possível caminhar, correr e saltar até onde bem apetecer ao longo de cenários idílicos. Isto é incentivado, visto que há objetos por apanhar em algumas localidades. No entanto, e apesar de ser divertido, explorar a ilha deixa de ser uma novidade interessante após os primeiros atos. A velocidade-base de Lady Love Dies é muito lenta comparativamente ao espaço por explorar, mas para mitigar esse aspeto, Paradise Killer tem no mapa vários pontos de passagem rápida. Infelizmente e por razões que passam completamente ao lado, a utilização destes pontos exige uma moeda de troca, de nome Blood Crystals, a unidade monetária em Paradise Island. Sem estes cristais não existe outra hipótese senão caminhar lentamente até ao destino e os cristais não são propriamente o elemento mais abundante. Isto torna-se ainda mais feio quando somos obrigados a dar voltas à ilha para interrogar suspeitos.
A investigação destaca-se então como o ponto mais interessante da aventura. Na busca pela verdade do homicídio, Lady Love Dies e o seu muito útil portátil Starlight, interrogam os habitantes de Paradise Island. Todos eles têm um novelo narrativo por desvendar, o que contribui para o clímax do julgamento. É extremamente importante ter o máximo de informação possível pronta para este momento decisivo; quanto melhor Lady Love Dies conhecer os habitantes de Paradise Island, melhores serão as suas probabilidades de declarar alguém culpado. O que torna Paradise Killer cativante (até certo ponto) é a possibilidade de declarar alguém culpado desde que Lady Love Dies possua informação suficiente para avançar com o argumento. Isto pode resultar em acontecimentos inesperados, mas não deixa de proporcionar uma aventura mais aberta ao contrário dos limites tão sufocantes do género.
CONCLUSÃO
CONCLUSÃOPontos positivos
- Abordagem única dentro do género
- Mistério muito interessante
- Personagens caricatas
Pontos negativos
- Pontos de passagem rápida mal implementados
- Movimentação natural da personagem lenta
Analisar um videojogo é como uma experiência gastronómica: pode correr muito bem, muito mal ou não correr de todo. Pelo menos é o que este membro da equipa acredita. No entanto, nunca deixará que a sua fome altere os critérios de análise. Pelo menos não muito.