Hardcore Mecha – Análise
Haja alguém que entenda a necessidade de preencher um dos nichos mais importantes deste mercado. Falo obviamente da RocketPunch Games e da sua obra Hardcore Mecha. Apesar do nome ser um pouco piroso, Hardcore Mecha oferece exatamente o que o nome sugere: ação extremamente intensa entre máquinas de combate. Quem se habituou a ver séries como Gundam, Tengen Toppa Gurren Lagann ou Code Geass vai encontrar aqui uma obra apaixonante que marca todas as casas no que diz respeito ao que deve ser um jogo destes.
Apresentado sob a forma de um jogo de ação e plataformas em 2D, Hardcore Mecha tem cerca de sete a nove horas de duração, dependendo em grande parte do domínio dos controlos por parte do jogador. Do início até ao fim controlamos um mercenário chamado Tarethur e como é habitual, tudo começa de forma simples até ao momento em que quase sem dar por isso, Tarethur combate por um governo contra um grupo terrorista. O enredo está repleto de momentos absurdos e extravagantes, como um piloto inimigo que solta um grito de guerra semelhante ao que se ouve em séries de animação japonesas enquanto o seu veículo se parte aos bocadinhos só para impedir o nosso protagonista de avançar. É uma trama envolvente, divertida e inesperadamente bem escrita, mesmo com todos os lugares-comuns esperados.
A jogabilidade segue as convenções habituais de um jogo de ação em 2D: secções de plataformas e muita ação frenética. Os cenários são variados e coloridos e é possível controlar o mercenário fora do veículo em níveis com elementos furtivos que são simples e eficazes. O combate, no entanto, tem muito por digerir ao início. Quase todos os botões têm uma função diferente para encadear movimentos e ataques, desde disparar a arma principal a usar manobras evasivas, há aqui vários elementos a ter em atenção, mesmo que o tutorial esclareça uma ou outra noção.
Ainda assim, mesmo após se conseguir controlar o veículo digno da perícia de um protagonista de uma série de animação, o combate em questão é bastante profundo. Ao longo da aventura e com a respetiva moeda de troca é possível comprar armas novas, realizar melhorias na blindagem e adquirir ataques novos. Assim que todas estas mecânicas fizerem parte dos nossos reflexos, o combate em Hardcore Mecha recompensa-nos com uma das jogabilidades mais divertidas que se encontra num jogo para a Switch. Vai ser necessário mestria para conjugar tudo, mas vale bem a pena o investimento. Quer os inimigos mais fracos quer os mais fortes (dignos de um episódio inteiro de uma série de animação) são de uma enorme variedade, não só visual mas ao nível da forma como têm de ser abordados.
O nível de dificuldade não demora muito até mostrar as suas garras, e com isto pode-se dizer que o que era uma festa cheia de adrenalina concretizadora de sonhos leva a momentos frustrantes, onde o caos de cada instante e algumas quedas graves no desempenho acabam por prejudicar a experiência. A falta de consistência na fluidez desequilibra os reflexos exigidos ao jogador e é algo que deve ser revisto através de uma atualização futura mas neste momento, o estado é aquele. Não é horrível, mas por vezes acontece nas piores alturas. As dimensões pequenas da interface no ecrã da Nintendo Switch também não ajudam, sobretudo no que diz respeito a ler as secções de texto.
Já no que diz respeito aos pontos a favor de Hardcore Mecha, a longevidade destaca-se claramente. Ao longo da campanha é possível repetir missões para receber uma classifcação mais elevada e depois de terminada a campanha principal, o jogo apresenta um típico modo de sobrevivência onde se enfrentam vagas de inimigos cada vez mais fortes. Nesta modalidade é possível desbloquear os outros veículos que se encontram na campanha principal, igualmente personalizáveis como o veículo principal do protagonista. A nível de multijogador, o jogo tem uma vertente competitiva online e local, onde quatro veículos competem pelo primeiro lugar. Resta mencionar que por €12,90 está disponível um DLC que padroniza as cores de alguns veículos baseados em séries de animação conhecidas.
CONCLUSÃO
CONCLUSÃOPontos positivos
- Enredo razoável e de contornos absurdos
- Longevidade saudável
- Jogabilidade frenética
Pontos negativos
- Interface gráfica pequena para o ecrã da Switch
- Problemas de desempenho
- Dificuldade demasiado punitiva
Analisar um videojogo é como uma experiência gastronómica: pode correr muito bem, muito mal ou não correr de todo. Pelo menos é o que este membro da equipa acredita. No entanto, nunca deixará que a sua fome altere os critérios de análise. Pelo menos não muito.