Remothered: Broken Porcelain – Análise
Quando joguei o primeiro Remothered sabia que tinha entre mãos um jogo especial. Podia ter tantos defeitos como dedos numa mão, mas mostrava ambição e engenho.
Notava-se o amor e a intenção de homenagear os jogos de terror “old school” e o cinema “giallo” italiano. Quando o terminei, senti-me satisfeito e não precisava de mais. Já este Remothered: Broken Porcelain não é mais que uma vergonha que perpetua a mentalidade de lançar jogos maus com ainda mais defeitos e espera que os fãs façam o resto: que testem o jogo para depois lançar os “patches” que corrigem as falhas.
O jogo que não precisava de sequela acabaria ser o primeiro de uma trilogia. Isto em si não tem nada de mal, mas seria de esperar que resolvesse os problemas dos títulos anteriores e não estragasse o que funcionava. Broken Porcelain não só não melhorou como ainda piorou uma experiência já de si medíocre. Repito o trocadilho de outras análises, mas este jogo está mesmo “broken”. Desde botões que não aparecem para interagirmos com o ambiente, ações/movimentos que não acontecem, diálogos dessincronizados, vídeos cortados abruptamente, falhas, momentos em que o jogo bloqueia, tempos de carregamento e perdas de qualidade dos gráficos face ao original. Se o primeiro jogo no ecrã da Switch não ofende por exibir um ambiente visual pior que as outras plataformas, este Broken Porcelain abusa de tão feio e esbatido que é.
Sim, há que ter em conta as diferenças quando se joga na Switch, mas se o resto compensasse isto seria um não-problema. A questão é que o resto não compensa. O primeiro jogo era bastante simples: sobreviver numa mansão e tentar passar furtivamente entre os seus habitantes, descobrir segredos e resolver os (poucos) “puzzles”, fazendo o mínimo de barulho possível. O combate era quase inexistente, as horas de jogo eram curtas mas perdoa-se muita coisa. Até o enredo começa bem mas comça a avariar lá para o final. Broken Porcelain quis juntar o resto da trilogia num só jogo (pergunto-me porquê…) e contar duas histórias em jeito de prequela e sequela, criando um novelo de situações e revelações sem qualquer sentido que conseguem destruir o trabalho de Tormented Fathers.
O jogador participa em duas dimensões temporais: no passado controlamos Jennifer, uma órfã que trabalha numa estalagem onde os empregados padecem de insanidade e querem matar tudo o que mexe; no presente jogamos com Reed (a tal que se parece com a Jodie Foster) e que continua a investigação do jogo anterior. O culminar destes fios condutores tem tanto de anedótico como de triste e para ser bem apreciado, recomenda-se um copo de vinho ou dois, porque nada faz sentido. Se tudo isto pode quase dar um ar cómico, a verdade é que os problemas que são atirados à cara do jogador não dão vontade de rir. Por coincidência, muitos dos problemas que assolam esta versão do jogo na Switch também se encontram presentes na versão para PS4, apesar da melhoria gráfica.
CONCLUSÃO
CONCLUSÃOPontos positivos
- - ...a procurar noutro lado
Pontos negativos
- - ...tudo
Tempo contado, demasiadas ocupações. Para aguentar uma crise de tenra idade, o André joga e escreve sobre jogos. É fã de RPG japoneses e de uma história de puxar à lágrima.