Root Double -Before Crime * After Days- Xtend Edition – Análise
Root Double -Before Crime * After Days- Xtend Edition é um “visual novel” dirigido e produzido por Takumi Nakazawa, conhecido por outros trabalhos de renome como The Perfect Insider e a série de “visual novels” Infinity. Root Double explora vários conceitos mas centra-se sobretudo em fugir de um local onde ocorreu um incidente grave e em estabelecer ligações entre personagens, são estas as duas forças que comandam o enredo. Root Double é um “visual novel” linear, com alguns caminhos opcionais que podem levar a finais alternativos mas que retém um final considerado como ‘verdadeiro’, embora existam vários finais que podem ser vistos de forma positiva. Dividida em quatro percursos distintos, Root Double permite ao início optar entre dois, embora seja aconselhável seguir a ordem natural para compreender o contexto global do enredo e dele tirar proveito.
“Compreender” é mesmo uma palavra chave. Vamos assumir o papel de Watase Kasasagi, um bombeiro que foi chamado para assistir nas operações de resgate de um laboratório nuclear conhecido como LABO. Depois de uma série de explosões dentro do edifício que levaram ao alastrar de radiação, Watase vê-se afetado por amnésia parcial. Watase e os outros bombeiros encontram-se presos na cave do LABO e têm de encontrar uma forma de resgatar os sobreviventes, ao mesmo tempo que fogem daquele inferno radioativo e em chamas.
A perspetiva de Watase encontra-se (intencionalmente) cheia de furos e isto serve tanto para facilitar a compreensão do jogador, que vai assim receber informação por parte das outras personagens, como para nos deixar num estado de ignorância completa, colocando-nos numa poisção em que temos de prestar atenção aos diálogos para tomar a decisão correta. As decisões apresentam-se sob a forma de um eneagrama de nove tipos de personalidade, cada tipo atribuído a cada um dos sobreviventes. Quando nos aparece o eneagrama no canto do ecrã, isso significa que chegámos a um ponto decisivo onde as escolhas têm de ser feitas, neste caso refletindo o grau de confiança ou de sentimentos positivos em relação a cada personagem. O jogo chama a isto “Senses Sympathy System”, que de início é um pouco confuso mas que apenas mede prioridades de escolha entre personagens, dependendo do nível de confiança ou de relação entre si, o que torna muitas destas escolhas mais binárias do que parecem. De qualquer forma, é um sistema diferente do convencional e tenta trazer algo de novo mas acaba por se tornar inútil com o concluir de cada um dos quatro percursos e após desbloquear o final correto do jogo, uma vez que aí recebemos o chamado “Answer Mode”, que apresenta as escolhas como noutros jogos.
Quem jogou Clannad vai imediatamente reconhecer o estilo das personagens graças ao seu estilo distinto. Encontra-se ainda uma grande variedade de cenários e de imagens para desbloquear conforme as escolhas feitas, o que é o esperado num “visual novel” desta ambição. Uma leitura completa do início ao fim ronda as quarenta horas (no mínimo), mais ainda para desbloquear todos os finais e ver todas as escolhas possíveis. LABO não é propriamente o sítio mais fácil de tornar interessante devido aos seus corredores metálicos e salas de escritório muito parecidas entre si mas felizmente, Root Double não se limita ao edifício onde a grande maioria da ação se desenrola.
Além de Watase, podemos também jogar desde o início sob a perspetiva de Natsuhiko Tenkawa, um jovem que vive na cidade de Rokumei onde se situa o LABO. Pelos olhos de Natsuhiko vemos o desenrolar dos eventos durante a semana que precede o incidente do laboratório até chegarmos a este evento. Nesta perspetiva ficamos a conhecer muitos aspetos da sociedade moderna, desde o descobrimento e utilização da telepatia às ramificações científicas e sociais que aquele descobrimento teve no mundo, bem como uma cadeia de eventos que levam a algo sinistro.
Sem entrar mais na trama, Root Double apresenta um enredo interessante e bastante variado, personagens que queremos ver triunfar, e um final satisfatório e credível para todos os eventos que sucedem. O ponto negativo que mais sobressai é a repetição em excesso da informação. Num jogo que apresenta nove personagens fulcrais para a história funcionar, acontece inevitavelmente que a mesma informação é reutilizada várias vezes, visto que em cada perspetiva diferente existe sempre a possibilidade das personagens estarem juntas a conversar. Isto leva a que o jogo se repita apenas para relatar o que o jogador acabou de ler pouco antes. Esta repetição torna-se bastante entediante, sobretudo nas retas finais dos últimos capítulos onde bastaria um texto curto a indicar que tal informação foi revista. Claro que isto se justifica em algumas partes, especialmente quando apresentam conceitos mais técnicos de pseudo-ciência, mas é completamente desnecessário no resto e apenas serve para prolongar uma jornada já de si longa e com muito texto para ler, acrescentando umas boas horas a mais à experiência.
CONCLUSÃO
CONCLUSÃOPontos positivos
- História cativante
- Vozes de qualidade
Pontos negativos
- Demasiada redundância
- Sistema de escolha desnecessário
O chicote que mantém a máquina a funcionar. Entusiasta pela indústria e com um gosto variado, mas com um especial amor por JRPG, nunca deixa escapar uma boa promoção e por consequência tem uma coleção maior do que alguma vez poderá ter tempo para a terminar.