Scott Pilgrim vs. The World: The Game – Complete Edition – Análise
Outrora aprisionado no purgatório que são os serviços digitais e discos rígidos da concorrência já defunta, a Ubisoft finalmente fez o que está certo e deu um novo fôlego ao jogo que adapta o filme de culto de Bryan Lee O’Malley, Scott Pilgrim. Scott Pilgrim vs The World: The Game – Complete Edition mantém-se uma excelente proposta, mesmo já passados sete anos desde a sua estreia.
Seguindo a história do livro, encarnamos Scott Pilgrim, baixista numa banda de pouco sucesso que encontra o amor com Ramona Flowers, uma jovem misteriosa que o informa da condição duríssima para que possam namorar: Scott terá de derrotar os sete detestáveis e malvados ex-namorados de Ramona. O enredo nunca é aprofundado no jogo e apenas contextualiza a ação no ecrã, pelo que é preciso recorrer ao material original para conhecer a história completa (que por sinal, vale bastante a pena).
A progressão decorre de forma semelhante a muitos jogos que seguem a mesma linha: Scott percorre níveis e derrota todos os inimigos no ecrã continuamente até alcançar cada um dos sete ex-namorados de Ramona, que compõem os “bosses” do jogo. Cada uma das áreas representa uma temática diferente, com inimigos únicos a cada uma delas, seja pelo seu aspeto visual ou habilidade. Polícias, ninjas, paparazzi, zombies… ver as peculiaridades de cada personagem animada leva a momentos muito divertidos ao longo de toda a aventura.
Claro que a jogabilidade corresponde à grande fatia do bolo, a fórmula arcade dos “beat ‘em-up” clássicos, com ligeiros toques de RPG e uma camada de estratégia que vai para além de pressionar botões aleatoriamente. Cada personagem jogável dispõe de um ataque ligeiro e de um ataque pesado, ambos envolvidos na grande maioria dos combos. Em algumas situações podemos também utilizar um ataque de área especial ou recorrer à ajuda de um aliado, ambos às custas de pontos conhecidos como “Guts”.
Scott Pilgrim não é um jogo fácil, sendo mesmo possível perder uma quantidade incrível de vida num único confronto caso não apliquemos os combos corretos na altura certa. O mesmo se aplica a situações em que bloquear ataques é imperativo, pois ser atirado ao chão pode ter uma consequência fatal. Muitos dos inimigos conseguem não só atacar enquanto estamos indefesos no chão, como atirar-nos pelo ar causando danos adicionais e colocando-nos numa posição de desvantagem comparativamente a outros inimigos. Para os que sentirem mais dificuldades, existem algumas lojas em cada nível que vendem reforços às habilidades do nosso lutador, seja mais força, velocidade superior ou vidas extra. Estes reforços são limitados e não são uma solução rápida para todos aqueles que não se dediquem a aprender os aspetos mais complexos da jogabilidade.
A componente multijogador para até quatro jogadores está de volta, sendo a novidade para esta edição a possibilidade de poder jogar online, uma excelente adição pois o divertimento multiplica-se numa experiência cooperativa. Não só torna o jogo mais fácil, as combinações possíveis de executar entre personagens alargam-se substancialmente, originando uma experiência praticamente nova. Todo o DLC disponível até à data foi aqui incluído, onde se encontram novas personagens e modos de jogo adicionais, como o “Boss Rush”, onde se enfrentam todos os “bosses”, ou o “Dodgeball”, adaptação do jogo do ‘mata’ ao universo de Scott Pilgrim. Nenhum é superior ao modo principal, mas todos são excelentes complementos e permitem igualmente até quatro jogadores em simultâneo, local ou online.
Visualmente estamos perante um jogo excecional, com uma direção artística muito própria que capta na perfeição o aspeto dos livros, seja através das cores ou da expressividade das personagens. A banda sonora é um misto de rock e pop, com convenções sonoras dos jogos da era 8-bit, cortesia da banda Anamanaguchi, famosa exatamente por popularizar esta combinação musical. Não se tratando de um jogo cheio de conteúdo, é das experiências mais divertidas do género, mesmo com uma curva de aprendizagem mais exigente que o típico “brawler”. Para quem não se deixa frustrar facilmente, Scott Pilgrim vs The World: The Game Complete Edition acerta em tantos pontos que é difícil não o recomendar, mesmo a quem não tenha tido qualquer tipo de contacto com a série.
CONCLUSÃO
CONCLUSÃOPontos positivos
- Visualmente perfeito
- Banda sonora eletrificante
- Jogabilidade divertida
- Inclusão de todos os DLC
Pontos negativos
- Dificuldade por vezes excessiva
- Modo principal curto
Insiste diariamente na superioridade da série Metroid Prime. Habitualmente ocupado a salvar o mundo de mais um deus irado, pausando ocasionalmente para redigir a sua próxima crónica.