UnderMine – Análise
Os jogos “indie” têm uma presença bastante marcada no catálogo das consolas atuais, ao ponto de ser difícil e cansativo encontrar um que valha o preço em vez de uma experiência que dure apenas para alguns minutos. Por isso, quando aparece um jogo que nos consegue surpreender pela positiva sabe tão bem, e UnderMine pode muito bem ser um desses jogos. Especialmente divertido para quem adora “roguelites” (onde os níveis são gerados aleatoriamente mas onde alguns elementos se mantêm caso o jogador perca uma vida pelo caminho), UnderMine não só implementa muito bem aquilo que deve ser a experiência de um “roguelite” como também tem as suas próprias ideias que o tornam bem mais envolvente e divertido que a grande maioria dos outros “indies” semelhantes.
UnderMine passa-se numa terra afetada por terramotos estranhos e suspeita-se que a causa para o fenómeno esteja relacionada com uma mina. Para resolver o problema, o rei decide mandar os camponeses da terra investigar as minas e se um deles morrer, o monarca envia o camponês seguinte. É uma maneira engraçada de explicar a exploração constante das minas após tanta morte, e esse é o ponto forte do mundo do jogo. Tanto as personagens como o diálogo têm um sentido de humor bastante divertido. Conforme se conhecem e salvam pessoas presas nas minas, descobre-se mais sobre o que realmente se está a passar, e o jogo usa isso como um incentivo para continuarmos até ao fim,
Mas o que nos prende a este jogo durante horas é a jogabilidade. Enquanto se explora as minas temos de ter atenção não só aos inimigos que nos tentam matar como também a todo o tipo de segredos que os “roguelite” apresentam. Os itens principais que usamos para descobrir todo o tipo de segredos são bombas e chaves. O jogo tem uma grande variedade de salas, o que torna a aleatoriedade dos níveis muito menos repetitiva e aborrecida do que no típico “roguelite”. Especialmente nas salas em que temos de gastar bombas e chaves para as descobrir, o número de salas especiais com todo o tipo de armadilhas, segredos e recompensas é impressionante. Os níveis também apresentam um bom nível de pormenor, sobretudo com as formas de interagir com o que temos à nossa volta. Se encontrarmos petróleo no chão podemos atear uma chama e queimar tudo, e se a nossa personagem estiver em chamas podemos passar por cima de uma poça de água e problema resolvido. Se obtivermos um poder de eletricidade podemos destruir os inimigos em contacto com a água. Isto contribui para criar uma experiência dinâmica e realista, e faz do combate uma componente muito divertida. É muito simples e não tem qualquer tipo de profundidade ou curva de aprendizagem gratificante, mas funciona e assenta muito bem no jogo por ser mais focado na exploração e uso de recursos. Por outro lado, apresenta um problema algo grave: é possível saltar para evitar quase todo o tipo de ataques dos inimigos e “bosses”, o que pode trivializar muitas situações potencialmente perigosas. Cada vez que se morre perde-se uma percentagem do dinheiro que apanhámos naquela tentativa, e como o jogo não oferece qualquer maneira de sair das minas e ir gastar o que se apanhou em melhorias, a ansiedade de morrer está sempre presente.
Isto por si só já faz do jogo algo interessante de se jogar, mas o sistema de relíquias e maldições é o que realmente leva a que UnderMine se destaque. Durante a exploração é possível encontrar certos itens que servem como “buffs” para o camponês, chamados de relíquias, tal como as maldições que têm o efeito oposto. Na maioria das vezes pode ser encontradas nos baús de tesouro e nas salas secretas mas algumas têm de ser desbloqueadas com receitas que se podem apanhar e confecionar no centro do jogo. O que faz deste sistema tão envolvente é que não só aquilo que descobrimos é sempre aleatório como também muitas das vezes temos de fazer decisões sobre quais levar ou se estamos dispostos a arriscar uma maldição para ganhar certas relíquias. O ciclo do jogo nas minas consiste em apanhar o maior número de relíquias e eliminar o maior número possível de maldições até que o camponês seja suficientemente poderoso para sobreviver até ao fim, matando todos os “bosses” e inimigos, e trazer todo o ouro para a superfície. As minas têm secções com quatro andares cada e embora o jogo ofereça uma maneira de ir diretamente à última secção que descobrimos, acaba por compensar mais recomeçar tudo do início e chegar lá muito mais preparado com aquilo que se pode encontrar de caminho.
No que diz respeito à componente audiovisual, o jogo só peca mesmo por ter uma direção artística algo banal. O estilo usado pode muito facilmente encontrar-se em toneladas de outros jogos “indie”, o que afasta muitos jogadores ao primeiro contacto. Os gráficos e animações de inspiração retro estão bem feitas, e a banda sonora é bem melhor que a do típico jogo “indie” que falha redondamente neste aspeto. A nível do desempenho o jogo sofre de alguns problemas, tanto no ecrã da Switch como numa televisão, principalmente nas partes onde se passa muita coisa ao mesmo tempo, como animações e quando se encontram vários inimigos no ecrã.
CONCLUSÃO
CONCLUSÃOPontos positivos
- Conceitos de “roguelite” muito bem executados
- Sistema de relíquias e maldições excelente
- Combate simples mas bem implementado
- Personagens e diálogos divertidos
Pontos negativos
- O salto banaliza muitas situações de perigo
- Estilo visual retro mas sem identidade
- Alguns problemas de desempenho
Eu sou um amante de videojogos, que adora falar sobre o que faz um videojogo bom ou mau. Mas acima de tudo adoro entreter pessoas e fazê-las rir, por isso decidi dedicar-me a criar um canal onde posso por em prática duas das coisas que mais amo fazer.