Kill It With Fire – Análise
A aracnofobia é certamente um dos medos mais comuns entre pessoas de uma infinidade de origens e culturas. É com uma aposta nesse apelo universal baseado no pavor por aranhas que surge o jogo Kill It With Fire de Casey Donellan e que chega a nós pela gigante dos “indie” Tiny Build. O jogador tem como objetivo principal exterminar quantidades enormes de aranhas com um pequeno arsenal de armas de fogo e outras ferramentas ao seu dispor. É uma ótima maneira de superar um medo por via da violência! (Virtual, é claro). Há também objetivos secundários, que geralmente se limitam à interação com o cenário e com os objetos em redor, além das chamadas “Aracnóplas”, desafios cuja finalidade passa pela exterminação de um determinado número de aranhas com uma arma específica dentro de um limite de tempo. Não há maneira de sofrer danos, perder ou ser prejudicado, a aposta do jogo é que a chacina aracnídea seja puramente catártica.
Embora a proposta inicial seja muito atraente, a execução de Kill It With Fire deixa a desejar em vários aspetos, seja a nível de como foi desenhado ou por questões técnicas,. A começar pelo desenho, o ciclo de jogabilidade torna-se rapidamente repetitivo e as tentativas de trazer novos ares à matança, pela adição de novas armas ou mudança de níveis, nunca são suficientes para impedir que a monotonia tome conta das operações. Por mais que a premissa prometa formas absurdas de matar aranhas, como um cocktail molotov, o absurdo nunca se torna na nota dominante, ao ponto de todas as armas do jogo poderem ser classificadas em quatro grupos baseadas na forma como matam: incendiárias, explosivas, físicas, e projéteis. Justamente por as possibilidades estarem limitadas a quatro, o jogo é prejudicado pela monotonia que ele próprio cria.
Além disso, os objetivos secundários raramente são interessantes e normalmente resumem-se a ‘mover objeto A para local B’, o que se torna frustrante quando a física do jogo avaria e baseado no número de “noclips” e objetos atirados aleatoriamente para longe, acaba por ser um aborrecimento constante. As aracnóplas também são muito pouco criativas e pela falta de uma opção para ajustar a sensibilidade da mira, as que exigem boa pontaria são bastante irritantes, algo que não faz sentido para um jogo com mecânicas de tiro. Já em relação aos requisitos técnicos, a versão Switch de Kill It With Fire deixa muito a desejar relativamente ao seu desempenho. No ecrã de televisão, a fluidez é extremamente instável e sai prejudicada durante a maior parte do tempo, e apesar de se portar melhor no ecrã da Switch a resolução acaba por cair, o que dificulta a procura de aranhas. A banda sonora é muito repetitiva, já que conta com apenas quatro faixas, e a direção artística é simples demais, apesar de não ser má de todo.
Apesar destes pontos negativos, há também elementos para elogiar, mesmo que em menor quantidade. Os objetos colecionáveis são divertidos de se procurar e trazem uma ligeira sensação de progressão com as suas melhorias. A tradução para português é ótima, o que é algo louvável num jogo “indie” onde é comum utilizar um algoritmo para traduzir videojogos, geralmente resultando em adaptações pouco coesas que confundem um jogador que não fale a língua original.
CONCLUSÃO
CONCLUSÃOPontos positivos
- Ótima tradução para português
- Conceito divertido
Pontos negativos
- Performance má
- Jogabilidade monótona
- Objetivos secundários desinteressantes