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Lydia – Análise

Lydia é um excelente exemplo de como por vezes é difícil avaliar um videojogo quando este se concentra apenas numa componente em particular, pondo de parte tudo o que faria dele uma obra jogável. Pior ainda é quando nem mesmo essa parte à qual foi dedicada toda a atenção se destaca da forma que seria esperada. O jogador encarna Lydia, uma jovem presa a um ambiente familiar desequilibrado e com pouca perceção de como a sua situação é precária. Como qualquer outra criança da sua idade, a imaginação de Lydia é mais que fértil e o seu único refúgio é um urso de peluche chamado Teddy, que a acompanha nas suas aventuras para apanhar um monstro bem real no imaginário da protagonista. Teddy bem tenta ajudá-la a identificar este suposto monstro mas a tarefa torna-se mais difícil do que o esperado, levando Lydia a confrontar uma realidade para a qual nunca foi preparada.

A interatividade é mínima e a grande maioria da experiência resume-se a andar de forma (muito) lenta do ponto A ao ponto B ao longo dos cenários. De vez em quando carregamos no botão A para conversar com alguma personagem ou observar um objeto. Existem algumas opções durante os diálogos que podem levar a respostas diferentes consoante a escolha do jogador, mas em nada alteram o desenrolar do enredo. Além disso, as escolhas não são particularmente diferentes umas das outras e algumas nem sequer fazem grande sentido no contexto da idade da personagem, pelo que acabam por não ter grande propósito.

O verdadeiro problema passa mesmo pelo enredo, que não sendo por si só intrigante o suficiente, está redigido de uma forma extremamente simplista que se desenrola de uma maneira errática tendo em conta a duração curta do jogo. É no mínimo estranho que um jogo tão concentrado na sua história não consiga produzir mais que quatro capítulos, que totalizam uma hora, com graus de escrita e desenvolvimento tão banais sobre temas tão complexos como o narcisismo e a dependência de substâncias piscoativas. A conclusão é igualmente anti-climática, uma vez que o ritmo pobre de progressão da aventura leva a algo que tem pouco a ver com o significado e nível de emoção esperados.

Felizmente a componente audiovisual é mais competente no que diz respeito a criar o ambiente sinistro que o enredo não consegue, graças a uma palete de cores composta por uma variedade de tons de preto e cinzento e personagens que vão do macabro ao surreal. O mesmo não se pode dizer da interface, que consiste em retângulos a preto com letras em branco correspondentes a cada opção durante os diálogos, o contrário do aspeto estilizado do resto do jogo. A componente sonora é simples e eficaz, favorecendo muitas vezes o uso de um som de fundo em vez de faixas musicais integrais para criar um ambiente mais estéril, e que funciona bem dada a natureza do jogo.

Lydia é uma produção que tenta transmitir uma mensagem importante através de uma história que infelizmente é mais comum do que seria desejado, mas fá-lo de uma maneira pouco cativante. Escrita pobre e uma jogabilidade desinteressante não chegam para marcar a diferença naquilo que devia ser, acima de tudo, uma experiência interativa.

CONCLUSÃO

CONCLUSÃO
4 10 0 1
Uma escrita simplista e uma jogabilidade esquelética não deixam Lydia ser um jogo que se poderia destacar, mesmo tendo em conta a atenção dedicada à sua componente audiovisual única.
Uma escrita simplista e uma jogabilidade esquelética não deixam Lydia ser um jogo que se poderia destacar, mesmo tendo em conta a atenção dedicada à sua componente audiovisual única.
4/10
Total Score

Pontos positivos

  • Ambiente visual único
  • Temática importante

Pontos negativos

  • Ritmo inconsistente
  • Pouco coerente
  • Demasiado curto
  • Interação mínima

Diogo Caeiro

Insiste diariamente na superioridade da série Metroid Prime. Habitualmente ocupado a salvar o mundo de mais um deus irado, pausando ocasionalmente para redigir a sua próxima crónica.