Eastward – Análise
Eastward é um jogo “indie” do estúdio Pixpil com uma apresentação muito característica e que se tornou bastante apelativa nas redes sociais durante o seu longo período de desenvolvimento. Eastward tem como protagonistas John, um pobre trabalhador das minas de Potrock Isle, e Sam, uma pequena rapariga de longos cabelos brancos que John encontra por acaso numa das suas escavações. John decide cuidar de Sam como sua filha e ambos passam o seu dia-a-dia juntos. O jogo apresenta um ambiente muito descontraído desde o início, humilde mas acolhedor, e com o decorrer deste capítulo inicial ficamos a saber mais pormenores sobre o mundo que o rodeia. Porque é que nos encontramos no subsolo? O que aconteceu ao mundo da superfície? Este tipo de perguntas é lentamente abordado com o passar dos dias até que eventualmente nos deparamos com a verdade dos acontecimentos e partimos para a superfície em busca do céu azul.
Visualmente Eastward é um dos jogos mais fáceis de identificar devido à sua direção artística com base em “pixel art”, e um dos mais bonitos também. Nota-se imenso cuidado em todos os pormenores e nas animações, mesmo em personagens que pouco aparecem durante a jornada. O mais ínfimo pormenor foi feito para deslumbrar, ao qual se juntam efeitos de pós-processamento para sobressair ainda mais. O combate e interação das personagens é relativamente simples. Os movimentos e ataques lembram a simplicidade dos Zelda clássicos, com os seus ataques simples e a possibilidade de carregar um ataque para desferir um golpe mais poderoso. John utiliza a sua frigideira robusta como arma principal, bem como bombas e mais à frente ganha acesso a outras ferramentas igualmente importantes. Sam acaba por ter um conjunto de habilidades de apoio. Graças aos seus poderes Sam consegue paralisar inimigos e ativar objetos que podem iluminar o caminho, bem como limpar a corrupção que bloqueia o avanço. Estas habilidades acabam por complementar muito bem a experiência de jogar com John, tornando a sinergia entre os dois bastante interessante, especialmente quando nos deparamos com situações em que se encontram separados.
O foco central de Eastward é a exploração e respetivas mecânicas, o enredo assume uma posição mais discreta. Durante a travessia a exploração é semi-linear. Os corredores e masmorras guiam-nos para o próximo objetivo, mas encontram-se também alguns segmentos de exploração livre onde podemos obter alguns extras bastante interessantes. Durante estas travessias por vezes deparamo-nos com “puzzles” que necessitam que John e Sam se separem para os completar. Embora sejam relativamente simples, estes “puzzles” foram bem implementados de forma a criar um nível de desafio razoável. De resto, o desenho dos níveis é simples mas a qualidade artística torna-os muito mais prazerosos de atravessar.
Outro ponto bastante interessante é a inclusão de um minijogo no mundo de Eastward inspirado nos RPG clássicos da velhinha NES. Este minijogo recebeu o nome de Earth Born, onde controlamos Rocket Knight, que tem apenas sete dias para reunir um bando de heróis com vista a derrotar Solomon, que pretende efetuar o seu ritual maléfico para dominar o mundo. É um RPG clássico com combates aleatórios e por turnos, muito inspirado na série Dragon Quest e que acaba por ser bastante extenso. Para um jogo dentro de um jogo, Earth Born acaba por ser uma inclusão surpreendentemente boa.
Eastward não ganha prémios por revolucionar na jogabilidade ou no enredo, mas a maioria do jogo encontra-se num patamar de qualidade bastante alto para o número de horas de jogo, e nota-se a atenção que lhe foi dedicada. O único senão aqui está na frequência com que nos pedem para regressar aos mesmos locais em algumas partes, o que é especialmente grave durante o terceiro capítulo e que acaba por tornar a experiência algo frustrante e quebrar o ritmo da aventura. Outro aspeto que sobressai pela negativa é o desmepenho num ecrã de televisão, onde se observam perdas de fluidez significativas quando se encontram bastantes objetos em movimento no ecrã. Este problema não se observa no ecrã da Switch, onde a experiência corre de forma muito mais fluida.
CONCLUSÃO
CONCLUSÃOPontos positivos
- Ambiente visual excelente
- Boa sinergia entre personagens
Pontos negativos
- Problemas de desempenho num ecrã de televisão
- Demasiados regressos a pontos anteriores
O chicote que mantém a máquina a funcionar. Entusiasta pela indústria e com um gosto variado, mas com um especial amor por JRPG, nunca deixa escapar uma boa promoção e por consequência tem uma coleção maior do que alguma vez poderá ter tempo para a terminar.