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Ni no Kuni II: Revenant Kingdom – The Prince’s Edition – Análise

Dois anos após a estreia do seu antecessor na Switch é agora a vez de recebermos a sequela sob uma intitulada Prince’s Edition, uma edição que inclui também todos os conteúdos adicionais descarregáveis. Trata-se de uma conversão satisfatória de um RPG com um excelente sistema de combate e apresentação que peca apenas por um enredo fraco. A história inicia-se num lugar que aparenta ser uma reconstituição dos Estados Unidos. Um presumível ataque terrorista leva um dos protagonistas, Roland Crane, para o reino mágico de Ding Dong Dell. Roland é então apanhado no meio de um golpe de estado liderado pelo rato antropomórfico Mausinger que pretende usurpar o trono do jovem rei Evan Pettiwhisker Tildrum, segunda personagem principal desta aventura. Depois de fugir do castelo por um triz, a verdadeira aventura começa quando Evan declara que vai construir um novo reino, pacífico e inclusivo.

O tom do enredo é excessivamente infantil, tratando os seus temas e personagens de forma superficial. Além disso é visível a falta de intervenção dos criativos do estúdio Ghibli na construção da aventura, apesar da sua participação na animação. A qualidade do enredo melhora à medida que avançamos na história e novas personagens entram em cena, o que contribui para criar uma dinâmica de grupo e diálogo mais apelativas do que o que se encontra no duo inicial durante as primeiras horas do jogo. O verdadeiro “recheio” de Revenant Kingdom encontra-se na jogabilidade, com destaque para o sistema de combate em tempo real, que nada fica a dever aos seus pares. É possível criar “combos” que mais se adequem às fraquezas de cada inimigo, enquanto evitar e bloquear ataques traz benefícios a nível de magia que aumenta o poder dos nossos ataques. Progressivamente são também introduzidos elementos e mecânicas novas, como criaturas chamadas Higgledies que têm efeito sobre o combate de acordo com a forma como são personalizadas e que fazem lembrar o antecessor Wrath of the White Witch.

Como se tudo isto já não bastasse, a simulação de construção do reino é introduzida após termos começado a explorar as masmorras iniciais. Não começa da melhor maneira, impondo algumas missões entediantes e desnecessárias, mas torna-se rapidamente um dos aspetos mais agradáveis da experiência pela forma como se integra no decorrer da aventura. Evan vai receber novos habitantes no reino de Evermore, o que consequentemente leva à sua contínua expansão e criação de cada vez mais instalações que contribuem para a exploração e combate, seja através de novo equipamento, itens ou elementos visuais para cada personagem. Existem imensos sistemas que vamos ter de manobrar de forma cuidadosa em Revenant Kingdom e mesmo sabendo que alguns são supérfluos, a forma como todos se influenciam uns aos outros é impressionante. O que temos aqui é um ciclo muito bem desenvolvido formado pela exploração de masmorras, combates, e recruta de mais membros para a equipa, o que facilita a conquista do próximo objetivo. Mesmo que o jogo nunca proponha um desafio complexo que requeira um aprofundar das formas como jogamos, é muito divertido explorar todas as suas possibilidades.

A série continua muito apelativa do ponto de vista visual, empregando a mesma direção artística fantástica do seu antecessor e mantém-se um jogo muito bonito na Switch, mesmo com uma resolução mais baixa que na concorrência. Os modelos são cheios de pormenor e as animações são ótimas, mas a qualidade de algumas texturas é inconsistente, principalmente no mapa-mundo onde a prestação da consola não é a melhor. Felizmente nas masmorras e em combate o jogo porta-se melhor, e até mesmo no ecrã da Switch o desempenho é estável, mas com uma resolução mais baixa (como é habitual). A componente sonora é rica e variada mas nota-se a falta de vocalizações em alguns diálogos e as próprias prestações aqui incluídas não têm a mesma magia do seu antecessor.

Ni No Kuni II: Revenant Kingdom é uma proposta muito interessante, uma conversão bem conseguida, apetrechada de conteúdo e correções face ao original que fazem desta versão uma excelente forma de a vivenciar. Peca pela parca participação do estúdio Ghibli no enredo, mas os fãs da Level-5 não vão ver aqui uma grande diferença de qualidade entre este e os seus jogos mais recentes.

Conclusão

Conclusão
7 10 0 1
Ni No Kuni II: Revenant Kingdom – Prince’s Edition é uma boa conversão de um JRPG muito competente que poderia ser um clássico moderno noutras circunstâncias. Excelente sistema de combate e um mundo divertido de explorar fazem dele uma boa recomendação para fãs do género.
Ni No Kuni II: Revenant Kingdom – Prince’s Edition é uma boa conversão de um JRPG muito competente que poderia ser um clássico moderno noutras circunstâncias. Excelente sistema de combate e um mundo divertido de explorar fazem dele uma boa recomendação para fãs do género.
7/10
Total Score

Pontos positivos

  • Sistema de combate
  • Direção artística
  • Profundidade das mecânicas

Pontos negativos

  • Enredo fraco
  • Missões secundárias inconsistentes
  • Problemas técnicos no mapa-mundo

Diogo Caeiro

Insiste diariamente na superioridade da série Metroid Prime. Habitualmente ocupado a salvar o mundo de mais um deus irado, pausando ocasionalmente para redigir a sua próxima crónica.