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Triangle Strategy – Análise

Faz um bom tempo que os fãs da série Final Fantasy Tactics pedem (sem sucesso) um regresso desta linha de jogos. Embora não venha dos mesmos criadores, o seu espírito mantém-se bem vivo em Triangle Strategy, o jogo mais recente da Square-Enix com produção de Tomoya Asano, que desempenhou a mesma função em Octopath Traveler e mais recentemente, em Bravely Default II. Em conjunto com a ArtDink, a equipa de Asano traz-nos um sucessor espiritual à medida dos clássicos, com o seu toque pessoal e apresentado no fantástico estilo visual HD2D que a equipa ficou famosa por utilizar em Octopath Traveler, no futuro remake de Dragon Quest III, e no recentemente anunciado Live a Live.

Triangle Strategy decorre no continente de Norzelia, onde uma guerra por recursos de sal e ferro foi travada entre as suas três nações: Aesfrost, que controla o ferro e as forjas; Glenbrook, com as suas casas nobres e exército poderoso; e Hyzante, a nação religiosa que detém o controlo da exportação de sal, essencial para a vida. Norzelia desfruta de um período de paz mas após trinta anos de estabilidade, avizinham-se ventos de mudança. Vamos encarnar Serenoa Wolfort, filho de Lord Symon Wolfort, de uma das casas nobres de Glenbrook, e com um grupo de acompanhantes e forasteiros que encontramos ao longo das aventuras, Serenoa acaba envolvido em planos inesperados à medida que o caos reacende as chamas da guerra.

Triangle Strategy tem um enredo denso e apresenta bastantes diálogos. Existe algum conteúdo opcional mas o jogo concentra-se em contar a sua história e evita desviar-se desse rumo. Em certos momentos é-nos dada uma escolha que não pode ser definida como boa ou má. Devido ao peso da escolha, cabe ao jogador explorar e investigar para juntar informação e decidir, mas uma vez que os companheiros têm voto nestas escolhas, é preciso influenciar a sua opinião. As escolhas iniciais são inconsequentes mas à medida que a história avança, são-nos colocadas escolhas mais complicadas que podem levar a resultados menos favoráveis para o grupo. Isto leva-nos à primeira crítica a fazer a Triangle Strategy: a ilusão da escolha. Existem momentos onde a história pode mudar significativamente, mas no fim todos os caminhos vão dar a Roma, ou neste caso a um de três (ou quatro) finais distintos. É um desafio enorme criar um enredo com tantas opções mas o que aqui temos é uma obra onde cada escolha acaba por encaixar de forma natural no tronco comum da história. Talvez porque as opções não alteram o desfecho de forma drástica, elas acabam por parecer conclusões orgânicas mas mesmo ao vivenciar o jogo outra vez, pouco ou nada muda até aos últimos capítulos, com a exceção dos membros que se juntam ao nosso grupo.

Por outro lado, o combate é desafiante e muito bem implementado. O sistema de turnos inspira-se em Final Fantasy Tactics e desenvolve-o bastante no que toca à interatividade com o ambiente. O sistema de magia interage com o mapa de combate, colocando assim mais ferramentas ao nosso dispor: congelar o chão para impedir que os adversários avancem; erguer pilares de fogo e gelo para obstruir possíveis caminhos; usar eletricidade para paralisar inimigos que se encontrem na água; usar o vento para mudar o posicionamento de adversários e garantir ataques pelas costas. Somos estimulados e recompensados pelo o uso destas mecânicas e recebemos pontos por cada ação especial, pontos que podemos depois utilizar para obter novas habilidades.

O sistema de personagens em Triangle Strategy difere bastante do que se encontra na série Final Fantasy Tactics. Cada personagem é única e tem a sua própria função. Serenoa é o protagonista típico, com uma seleção de habilidades ofensivas e defensivas para proteger companheiros mais vulneráveis. Já Geela é mais voltada para apoiar os outros membros do grupo. Existem também personagens que partilham algumas habilidades, como os magos, mas cada uma é única e portam-se de forma diferente. Triangle Strategy tem um bom leque de personagens e embora haja pouco espaço para a personalização de cada uma, é possível colocar-lhes acessórios e melhorar os seus atributos e armas.

Visualmente Triangle Strategy é semelhante a Octopath Traveler, com “sprites” 2D e ambientes 3D, embora aqui tenhamos controlo sobre a câmara e os ambientes exibam mais pormenor que em Octopath. Também existe algum controlo adicional nas definições, que permite desativar opções visuais como abanar a câmara durante as sequências cinemáticas. É também possível selecionar vocalizações em língua japonesa. Tal como em Octopath também se verifica um ou outro problema ocasional de desempenho, mais visível quando se utiliza magia sobre vários alvos em combate.

CONCLUSÃO

CONCLUSÃO
8 10 0 1
Triangle Strategy é um jogo fantástico com um combate desafiante e uma belíssima história. Embora as escolhas ao longo do percurso não sejam completamente diferentes no que toca ao desfecho, consegue ser uma experiência bastante personalizada na nossa primeira campanha. Para os fãs de drama e desafios táticos, Triangle Strategy é certamente uma experiência a não perder.
Triangle Strategy é um jogo fantástico com um combate desafiante e uma belíssima história. Embora as escolhas ao longo do percurso não sejam completamente diferentes no que toca ao desfecho, consegue ser uma experiência bastante personalizada na nossa primeira campanha. Para os fãs de drama e desafios táticos, Triangle Strategy é certamente uma experiência a não perder.
8/10
Total Score

Pontos positivos

  • Enredo de qualidade
  • Combate desafiante e complexo

Pontos negativos

  • Propósito de algumas personagens pouco explorado
  • Escolhas com resultados limitados

André Reis

O chicote que mantém a máquina a funcionar. Entusiasta pela indústria e com um gosto variado, mas com um especial amor por JRPG, nunca deixa escapar uma boa promoção e por consequência tem uma coleção maior do que alguma vez poderá ter tempo para a terminar.