Serial Cleaners – Análise
Quando pensamos em jogos de ação furtiva vêm à memória nomes como Splinter Cell ou Hitman, onde encarnamos um agente com a missão de neutralizar alvos. O que temos aqui é uma exceção a esse padrão. Serial Cleaners, uma sequela de um jogo “indie” bem recebido de 2017, chega para responder à questão: o que acontece depois de o crime ser cometido? Em Serial Cleaners é quase como se outro jogador tivesse completado um nível e cabe-nos a nós limpar o rasto de sangue e os corpos deixados pelo caminho. Serial Cleaners foi desenvolvido pela Draw Distance e é uma experiência invulgar, além de que não é necessário jogar o original para compreender a sequela.

Ao contrário do antecessor, os valores de produção aqui são mais elevados, o que se traduz desde logo pela qualidade e pormenor gráfico em cada cena de crime que passamos. Agora com uma perspetiva isométrica, temos acesso a uma visão geral do que vamos enfrentar, desde a dimensão do local, andares ou divisões, bem como os obstáculos pelo caminho, como polícias, ou civis que nos podem denunciar. Como o crime já foi cometido, as forças da ordem encontram-se em grande número ao longo dos cenários do jogo. Alguns são inspirados em panoramas famosos de clássicos do cinema, incluindo na filmografia de Quentin Tarantino. O enredo é também fruto dessa inspiração e decorre numa véspera de ano novo, onde as personagens principais refletem sobre como se conheceram e quais os seus maiores feitos enquanto “limpadores em série”, um pano de fundo para as missões que vamos realizar, ou melhor, limpar. Destaque para as interações e para o carisma das personagens.

O jogo simplifica a tarefa e cria uma fórmula intuitiva que pauta todos os níveis. Temos três tipos de objetivos. Primeiro há que encontrar e carregar os corpos das vítimas para uma zona de descarga. Segundo, recolher todas as (potenciais) provas pelo caminho, inclusive gravações das câmaras de videovigilância. Por último, limpar o rasto de sangue derramado canto a canto com um aspirador. Estas tarefas são cumpridas em simultâneo com as autoridades a investigar o local e à procura de suspeitos, vertente que nesta sequela é muito mais desenvolvida que no original. O facto de o nome do jogo estar agora no plural não é arbitrário, temos quatro personagens e quatro formas de abordar cada situação. Além de Bob, protagonista do primeiro jogo, mentor e o mais equilibrado nas suas capacidades, temos Viper, uma jovem “hacker” capaz de aceder aos sistemas de informação, segurança e energia e extrair informação importante, personagem relevante para a vertente furtiva; Psycho, agressivo e lunático, que corta os corpos das vítimas com uma motosserra para os tornar mais fáceis de transportar e tem a capacidade de pôr os guardas KO; por último, Lati, a mais versátil nos movimentos e praticante de “parkour”, indicada para quem quer passar o nível o mais depressa possível. Caso sejamos detetados somos colocados no último “checkpoint” que passámos. A inteligência artificial deixa muito a desejar e não exige muito da destreza do jogador, particularmente por o seu campo de visão ser imensamente limitado. Os níveis podem perfeitamente ser concluídos sem grande dificuldade.
Embora divertida, a fórmula do jogo cansa rapidamente se formos além de um par de horas. É assim mais recomendável para experiências curtas, como um “puzzle” diário. A sua grande atração encontra-se em elementos como o ambiente e a banda sonora. A direção artística assemelha-se a algo visto num filme policial, e o ambiente leva o jogador para uma Nova Iorque de há trinta anos. A sonoridade é ouro sobre azul, carregar o corpo de uma vítima de uma ponta à outra enquanto ouvimos jazz é uma experiência curiosa. Ainda que os movimentos das personagens não sejam impressionantes, sobretudo em espaços fechados, acaba por corresponder ao esperado e não compromete o desempenho do jogo, e reforça também que este Serial Cleaners funciona melhor em sessões de jogo mais curtas.
CONCLUSÃO
CONCLUSÃOPontos positivos
- Direção artística
- Níveis bem construídos e intuitivos
- Banda sonora
- Conceito convidativo
Pontos negativos
- Jogabilidade em espaços fechados não é a melhor
- Repetitivo em sessões mais longas
- Pouco desafiante para os jogadores mais experientes

Entusiasta do mundo da Big N desde os tempos da Wii. Incontornável fã das plataformas de Mario à imersão de Metroid, da aventura de Zelda à estrategia de Pikmin, dispensando apenas a tranquilidade de Animal Crossing.