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Teslagrad 2 – Análise

A Nintendo Switch continua a dar sinais de ser a plataforma que mais aposta nos jogos “indie”. Esta sequela de um dos jogos independentes mais bem cotados pela crítica na década passada é outro exemplo disso mesmo. Após ser anunciado numa apresentação da Nintendo Indie World, Teslagrad 2, desenvolvido pela norueguesa Rain Games e distribuído pela Modus Games, chega finalmente a todas as consolas atuais e afirma-se como um dos jogos de plataformas em 2D e de “puzzles” que mais se destaca entre os seus pares.

Nesta continuação controlamos uma jovem chamada Lumina, que desde o início nos é apresentada como uma aventureira cujo objetivo é chegar à sua família. Contudo e como seria de esperar, a viagem calma da protagonista é interrompida por um ataque de uma fação desconhecida. Fora do seu veículo voador, Lumina tem explorar uma terra hostil e misteriosa conhecida como Wyrmheim, um local claramente inspirado pelo folclore nórdico. O jogo apresenta-se como uma experiência semelhante a um “metroidvania” onde escolhemos que percurso seguir para obter novas habilidades e apanhar o único objeto colecionável do jogo (inteiramente opcional), que nos dá um fragmento da mitologia de Wyrmheim e dos seus antepassados.

No que diz respeito ao enredo, Teslagrad 2 transmite-o de forma inteiramente visual e sem texto, e o seu desfecho final pode levar a uma certa insatisfação a propósito das forças e criaturas inimigas. De qualquer forma, existe uma abordagem simples que consiste em ir do ponto A ao B, mas tudo que está entre eles é deixado ao critério do jogador se o vai explorar ou não. Assim, e embora Teslagrad 2 tenha alguns elementos típicos de um “metroidvania”, esta sequela está muito mais próxima de um jogo de “puzzles”. São vários os desafios que temos de ultrapassar para chegar ao destino e que utilizam e exploram pouco mais de meia-dúzia das habilidades de Lumina, que não tem qualquer tipo de ataque, podendo apenas desviar-se dos inimigos através de um poder elétrico e também do uso de um poder de atração ou repulsão, como um íman.

Isto significa que o jogo não tem um sistema de combate propriamente dito, ao contrário do que é costume acontecer num “metroidvania”. Do ponto de vista narrativo, a interação com o meio põe em evidência a impotência e fragilidade da protagonista face à hostilidade do mundo que a rodeia. Ao mesmo tempo, da perspetiva da jogabilidade acaba por saber a pouco. Sendo Teslagrad 2 um jogo que funciona com base nos movimentos da protagonista para a resolução de desafios, acaba por falhar em alguns momentos, uma vez que embora se encontrem algumas melhorias ao longo do jogo no que diz respeito à mobilidade de Lumina, estas não chegam para nos conferir um controlo total sobre a personagem (o que seria de esperar), e isto resulta numa certa estranheza dos movimentos para resolver alguns “puzzles”, o que significa que por vezes é necessário repeti-los várias até acertarmos, às vezes por sorte.

Tudo o que diz respeito à apresentação do jogo é de elogiar, visto tratar-se de uma obra de baixo orçamento. O mapa é inteiramente explorável desde o início, sem qualquer tipo de tempo de carregamento pelo meio, e encontramos cenários variados, desde montanhas e cavernas de gelo a ruínas de castelos, ricos em pormenor com objetos e inimigos. O desempenho, por outro lado, acaba por sofrer devido a esta decisão artística em alguns momentos que requerem mais adrenalina e onde nos deparamos com vários obstáculos e efeitos luminosos, onde se nota uma queda nítida da fluidez. Esta situação acontece sobretudo nos combates com os “bosses”, que são outro aspecto que deixa a desejar. Tratam-se de combates repetitivos devido à falta de uma forma de combate mais direta, e o desenho dos níveis não se encaixa muito bem nas capacidades da protagonista.

A experiência de Teslagrad 2 é curta, o habitual em jogos “indie” que optam por investir mais no miolo que na quantidade, o que corresponde ao que aqui temos. Mesmo sendo um jogo de duração reduzida com tentativas de uma abordagem mais inovadora em relação aos “puzzles”, acaba por ficar um pouco abaixo do que seria de esperar. Destaque para a banda sonora e todo o ambiente sonoro, que remetem para o folclore nórdico e tanto imprimem um tom épico à aventura como lhe conferem um ambiente de tranquilidade que nos incentiva a olhar atentamente para cenário e a desfrutar da nossa experiência.

CONCLUSÃO

CONCLUSÃO
7 10 0 1
Teslagrad 2 é mais um jogo "indie" de destaque na Nintendo Switch. Apesar da longevidade algo curta, apresenta elementos suficientemente interessantes que fazem valer a pena esta viagem por terras inspiradas na mitologia nórdica. Uma aventura desafiante em alguns momentos, que mesmo na ausência de um sistema de combate propriamente dito (até necessário) é bastante recomendada aos fãs de jogos de plataformas em 2D com "puzzles" para resolver.
Teslagrad 2 é mais um jogo "indie" de destaque na Nintendo Switch. Apesar da longevidade algo curta, apresenta elementos suficientemente interessantes que fazem valer a pena esta viagem por terras inspiradas na mitologia nórdica. Uma aventura desafiante em alguns momentos, que mesmo na ausência de um sistema de combate propriamente dito (até necessário) é bastante recomendada aos fãs de jogos de plataformas em 2D com "puzzles" para resolver.
7/10
Total Score

Pontos positivos

  • Apresentação e ambiente
  • Banda sonora
  • Mundo rico em pormenores
  • Abordagem diferente a um "metroidvania"

Pontos negativos

  • Desadequação entre a personagem e os "puzzles"
  • Sem sistema de combate...
  • ...posto em evidência contra os "bosses"
  • Problemas ocasionais de desempenho

João Pedro

Entusiasta do mundo da Big N desde os tempos da Wii. Incontornável fã das plataformas de Mario à imersão de Metroid, da aventura de Zelda à estrategia de Pikmin, dispensando apenas a tranquilidade de Animal Crossing.