Gamescom 2023 – Broken Roads
Nota: estas impressões incidem sobre a versão Steam de Broken Roads
Este RPG narrativo da autoria do estúdio australiano Drop Bear Bytes apresenta-nos um meio pós-apocalíptico situado cerca de um século depois de uma guerra nuclear ter atirado a humanidade para um estádio anterior da civilização. Num mundo onde as pessoas tiveram de voltar a aprender as artes da subsistência, Broken Roads coloca-nos no papel de um desses indivíduos, habitante de uma comunidade do interior australiano e inspirada nos cenários inóspitos da Austrália Ocidental, com uma devida homenagem aos povos aborígenes que residem nos locais que inspiraram o jogo. Um dos elementos de destaque em Broken Roads é o mecanismo do posicionamento moral – após escolhermos a nossa personagem, que não se insere numa classe como é habitual nos RPGs mas tem uma vantagem no exercício de uma função, são-nos colocadas uma série de questões de índole moral. As respostas que dermos são usadas para delinear um perfil da personagem e colocá-la num dos quatro quadrantes: utilitarismo, niilismo, humanismo e maquiavelismo. Esta avaliação está constantemente presente ao longo do jogo e as decisões que tomamos vão ter influência no nosso posicionamento moral, o que por sua vez se repercute nas opções que estarão (ou não) disponíveis no futuro.
Assim, um jogador cujo perfil se aproxime do maquiavelismo mas que ao longo do jogo realizar ações que o tendem a aproximar do humanismo vai ter opções de escolha mais condizentes com esta última corrente moral e vice-versa. As decisões e dilemas colocam questões como dar água a um homem mortalmente ferido, mesmo sabendo que ele não vai sobreviver, e a forma como respondemos vai ter influência no que vamos poder fazer em seguida. Este mecanismo confere a Broken Roads uma dimensão particular que vai além das preocupações habituais que encontramos nos RPGs em relação à gestão de recursos, por exemplo. Outro elemento que sobressai pela positiva em Broken Roads é a sua direção artística, que consiste em cenários, objetos e personagens desenhados e pintados à mão – o resultado é um esforço visual impressionante e que é uma maravilha de contemplar. Também pela positiva se destacam as vocalizações, sobretudo as do narrador, com uma voz e um tom que encaixam perfeitamente na estética e no ambiente do jogo. Broken Roads ainda não tem uma data de lançamento concreta mas deverá chegar à Switch até ao final de 2023.
Apreciador de jogos de outras épocas, não diz que não a uma boa obra dos nossos tempos. Diz-se que é por ele que passam os textos antes da publicação, o que significa que é uma espécie de boss final da escrita para os outros membros da equipa.