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Nova Lands – Análise

Os simuladores de gestão e construção já assumiram inúmeras facetas ao longo dos anos e a Nintendo Switch tem sido uma boa porta de entrada para uma mão-cheia deles, particularmente no que a jogos independentes diz respeito. Desta vez é a brasileira Behemutt que está por trás da experiência mais recente do género com Nova Lands. Ao contrário da complexidade que habitualmente se associa a estes jogos, Nova Lands é bastante simples, uma espécie de “best of” do género, extremamente acessível, feito talvez a pensar nas pessoas para quem esta pode ser a primeira experiência em jogos como este. Nova Lands vai beber do melhor que já se fez neste formato, desde as bases do clássico Factorio ao dia-a-dia de uma quinta e suas plantações como Stardew Valley. Esta familiaridade inicial é bastante convidativa para quem já experimentou um pouco de tudo o que se fez no género.

Praticamente não existe enredo, além de sermos um alegado explorador que aterra abruptamente num local que faz lembrar uma ilha e com vários arquipélagos em redor. Durante a nossa estadia para lá da sobrevivência, vamos encontrar alguns habitantes que também se despenharam naquele lugar, bem como todo o tipo de criaturas, das mais dóceis às mais hostis. O resto está inteiramente nas nossas mãos: o que quisermos criar, planear, apanhar e enfrentar. À semelhança dos seus congéneres, Nova Lands começa de forma relativamente simples num momento em que só nos preocupamos com a reposição do nosso nível de oxigénio (algo que se irá manter para o resto do jogo). Segue-se então a apanha de recursos essenciais como pedras, pedaços de madeira e minério. É na fase seguinte, onde vamos utilizar estas matérias-primas, que o leque de opções se alarga e a experiência se ramifica.

A partir daqueles recursos iniciamos o desenvolvimento tecnológico, que vai da mais simples fornalha ao mais engenhoso aparelho de criação de ferramentas. A utilização dos recursos segue um processo definido e até nas fases mais tardias do jogo vamos ter de o cumprir. Isto inclui, por exemplo, minerar um determinado recurso, transformá-lo e colocá-lo num dispositivo para então o podermos utilizar. Trata-se de um processo bastante monótono e que rapidamente se torna fatigante, só mais tarde quando temos acesso à automação (aspeto muito importante de Nova Lands) é que podemos agilizar esta sequência. Por falar nisso, a automação é feita de inúmeras formas, mas principalmente através do uso de uma rede de Bots a quem damos ordens para cumprir as nossas tarefa. Isto é uma mecânica valiosíssima, caso contrário a experiência seria demasiado cansativa. Os Bots fazem o que lhes ordenamos até um certo limite, incluindo proteger-nos de inimigos e organizar os nossos “stocks” de inventários.

Ao fim de uma dezena de horas a experiência torna-se um verdadeiro caos visual. Temos máquinas de extração, engenhocas de desenvolvimento de outros dispositivos, campos de cultivo, armazéns de inventários, e toda uma série de objetos a ocupar o nosso campo isométrico de visão. Por isso este é um jogo para se jogar num ciclo intensivo, durante algum tempo cada dia, caso contrário se não lhe pegarmos por um par de dias vamos ter de nos relembrar de todas as mecânicas novamente, e pior ainda, vamos ter de recordar a utilidade de cada máquina. A parte da agricultura e criação de gado é a mais simples e onde Nova Lands não vai além do superficial. É na parte da construção de mais equipamentos e dispositivos que a experiência é mais aprofundada, uma vez que é daqui que depende a progressão tecnológica sob a forma de equipamentos mais avançados, que por sua vez nos permitem crescer mais, e assim por diante. O jogo funciona assim numa base de ‘mais, mais e mais’ e o limite é definido pelo jogador, ou pelo espaço disponível. De facto, o espaço não é muito extenso, e a visão reduzida que a câmara nos dá não é a melhor, o que nos obriga a estar constantemente a avançar.

Encontra-se também presente um sistema de combate, porque mesmo que grande parte das criaturas seja indiferente à nossa presença há algumas que nos tentam atacar. O jogador tem à disposição uma arma semelhante a uma caçadeira que nos permite atacar os inimigos, algo extremamente rudimentar e superficial. O sistema de melhoramentos permite-nos atuar não só sobre a nossa arma, como também sobre as nossas capacidades de extração, movimento, e sobre as capacidades passivas, o comum nos RPG de estratégia. Isto é acessível através das personagens não-jogáveis, cada uma com a sua personalidade própria, também elas sobreviventes que nos dão algumas tarefas para desempenhar ao redor da ilha, e funcionam como distração e complemento à exploração. Talvez o mais surpreendente sejam os “bosses” secretos, muito desafiantes não pelo padrão de movimentos ou ataques mas porque os outros combates simplicíssimos não nos preparam para tal.

Já no que diz respeito ao desempenho, Nova Lands exibe alguns problemas. O jogo guarda os nossos avanços de forma automática, processo que reduz a sua fluidez para um desempenho baixíssimo. Mais importante, é que a movimentação dentro e fora dos menus é inconstante. Por vezes o jogo não responde se quisermos mover um item para dentro de um armazém, outras vezes acontece o contrário e o jogo realiza ações que não pedimos, como fazer a nossa personagem andar quando queremos ficar quietos ao colocar um item num armazém. A frequência destes acontecimentos torna-se incomodativa, ainda para mais se tivermos em conta que se trata de um jogo “indie” que à primeira vista, teria requisitos baixos ao nível técnico.

CONCLUSÃO

CONCLUSÃO
5 10 0 1
Nova Lands chega à Nintendo Switch como mais um jogo ao estilo Factorio. Pega no melhor que já se fez entre os seus pares numa mistura que o torna aliciante para quem gosta deste tipo de propostas, mas conta com problemas que prejudicam a experiência. Trata-se de um jogo mais indicado para explorar de forma intensiva, mas quem procura algo mais envolvente e duradouro vai achar Nova Lands confuso e demasiado fatigante.
Nova Lands chega à Nintendo Switch como mais um jogo ao estilo Factorio. Pega no melhor que já se fez entre os seus pares numa mistura que o torna aliciante para quem gosta deste tipo de propostas, mas conta com problemas que prejudicam a experiência. Trata-se de um jogo mais indicado para explorar de forma intensiva, mas quem procura algo mais envolvente e duradouro vai achar Nova Lands confuso e demasiado fatigante.
5/10
Total Score

Pontos positivos

  • Boa apresentação de um jogo de gestão e construção
  • Inúmeras opções de personalização
  • Boa sensação de avanço ao longo do jogo

Pontos negativos

  • Demasiados objetos e recursos tornam a experiência confusa
  • Problemas de desempenho e de resposta dos controlos
  • Sistema de combate não nos prepara para os "bosses"

João Pedro

Entusiasta do mundo da Big N desde os tempos da Wii. Incontornável fã das plataformas de Mario à imersão de Metroid, da aventura de Zelda à estrategia de Pikmin, dispensando apenas a tranquilidade de Animal Crossing.