Days of Doom – Análise
Days of Doom, do estúdio lituano SneakyBox e publicado pela Atari, traz-nos um RPG tático “roguelite” envolto num ambiente pós-apocalíptico e com uma direção artística que nos remete para uma obra de banda desenhada. Uma apresentação bastante boa, que acaba por levar a uma experiência mediana. A jogabilidade é bastante simples. Qualquer jogador com um mínimo de conhecimentos de RPGs táticos entra rapidamente em Days of Doom e ambienta-se sem grande dificuldade. O tutorial é breve e depois de uma curta apresentação do enredo, estamos a caminho: vamos atravessar as estradas de um mundo cheio de perigos a caminho de uma cidade chamada Santuário. Ao longo do percurso enfrentamos criaturas hostis (muitos e muitos zombies), obtemos recursos vitais, e encontramo-nos com outros humanos cujas intenções vão de amigáveis a malvadas. No nosso acampamento escolhemos os membros da equipa que nos vão acompanhar, cada um com as suas especialidades – algo habitual em RPGs, e Days of Doom não é diferente. Temos uma personagem com maior ênfase na força bruta, outra que se destaca pelas capacidades furtivas, outra com poderes mágicos, outra com capacidades de curar os seus parceiros de equipa, e por aí em diante.
Ao percorrermos o mapa de cada região, cada casa de avanço consome combustível. Isto significa que não podemos explorar tudo o que gostaríamos e temos de equilibrar a exploração com o que é possível, sobretudo quando nos cruzamos com outros grupos de humanos ou encontramos elementos abandonados – em alguns casos são autênticos bónus, noutros são ciladas que nos arrastam para mais um combate, e noutros até podem trazer membros novos à nossa equipa. Quando combatemos obtemos recursos que nos permitem recuperar dos danos que a nossa equipa sofreu e reabastecer o combustível do nosso veículo, bem como desenvolver as nossas armas e expandir as capacidades da nossa equipa quando regressamos à base, mais uma vez o habitual num RPG. Infelizmente o progresso aqui é bastante lento, e são precisos muitos elementos (e muitos combates) para podermos transformar a nossa equipa num grupo mais poderoso, o que implica demasiada repetição e uma monotonia inevitável num jogo que funcionaria muito melhor se jogado em sessões mais breves e menos repetitivas.
Os combates constituem assim o grosso da experiência em Days of Doom. O sistema aqui implementado funciona por turnos, com a possibilidade de realizar movimentos duplos – ou seja, o jogador e os inimigos podem realizar uma ação de movimento e uma ação de ataque, duas ações de movimento (o que permite percorrer uma grande parte do terreno), ou duas ações de ataque se houver alcance para isso. Cada combate é diferente (ou não fosse este um “roguelite”) e as combinações e disposições dos inimigos nunca são idênticas, mas isto acaba por ter poucas consequências uma vez que os terrenos onde o combate decorre diferem pouco entre si, com uma ou outra exceção para alguns eventuais elementos como água ou material radioativo que podem funcionar a favor da nossa equipa ou contra nós, e os inimigos acabam por se tornar semelhantes dentro das suas tipologias. Se é verdade que o combate é simples e de abordagem acessível, a repetição acaba por torná-lo menos apetecível, e apesar de o jogo se esforçar em introduzir formas de nos cativar como benefícios por colocar uma personagem ao lado de outra, a verdade é que rapidamente os combates se tornam em pouco mais do que ações que realizamos de forma quase automática e o dinamismo diminui. No fundo, Days of Doom seria uma experiência mais empolgante se se encontrasse estruturado de outra forma e não acabasse por nos impelir para uma experiência repetitiva.
Numa leitura mais positiva, Days of Doom exibe uma apresentação de encher o olho. A direção artística é digna de painéis de banda desenhada e se os cenários são simples, o ambiente encontra-se muito bem trabalhado e as personagens são todas elas únicas e muitíssimo bem desenhadas. Já do ponto de vista do desempenho, se as coisas normalmente correm bem também há a registar três ocasiões durante a preparação desta análise em que o jogo apresentou uma mensagem de erro e teve de ser reiniciado, sem qualquer explicação. Os efeitos sonoros acabam por ser algo comuns, mas a banda sonora, de instrumentalizações simples mas competentes, faz um bom trabalho em criar um ambiente que nos coloca num cenário pós-apocalíptico.
CONCLUSÃO
CONCLUSÃOPontos positivos
- Jogabilidade simples e acessível
- Direção artística belíssima
Pontos negativos
- Progressão lenta em relação às capacidades
- Combates demasiado repetitivos
Apreciador de jogos de outras épocas, não diz que não a uma boa obra dos nossos tempos. Diz-se que é por ele que passam os textos antes da publicação, o que significa que é uma espécie de boss final da escrita para os outros membros da equipa.