Antevisão – Yars Rising
Como antecipado pelo Starbit, Yars Rising esteve presente na Gamescom 2024. No entanto, uma vez que a versão disponível que experimentámos numa sessão especial era para Steam e não para a Nintendo Switch, esta antevisão incide sobre os aspetos gerais do jogo e não sobre o seu desempenho em concreto na consola da Nintendo.
Yars Rising da WayForward – nome que todos conhecemos e que apresenta um catálogo invejável que nos últimos anos inclui a série Shantae – é uma sequela… e não é. Yars Rising é-nos apresentado como o seguimento de um “shoot’em up” de 1982 para a Atari 2600 de nome Yars’ Revenge. Quando a base/inspiração é um jogo de um tempo bastante mais simples, com um ambiente audiovisual muito diferente do que estamos habituados e com uma forma de se relacionar com o jogador distante da que conhecemos atualmente, isto significa que cada um de nós tem margem suficiente para decidir se o jogo é ou não uma sequela de um título que viu a luz do dia há 42 anos.
Imagem: Nintendo Europa
Para sermos mais concretos, Yars Rising pega em algo que o jogo original não podia transmitir por si só e que era antes veiculado no seu manual de instruções, que trazia uma banda desenhada com uma curta história sobre uma espécie extraterrestre insectiforme invasora conhecida como Yars. Yars Rising dá seguimento a essa história, apresentando-a num formato de jogo e numa obra que era impossível de realizar com a tecnologia de 1982.
Posto isto, Yars Rising é um jogo de ação e plataformas que inclui momentos de ação furtiva e secções onde vamos em vários momentos entrar na jogabilidade do Yars’ Revenge original. O enredo coloca-nos no papel de Emi Kimura, uma jovem que trabalha para uma multinacional tirânica e que vai usar os seus talentos para roubar uma tecnologia secreta. Algo que de início parece ser um caso clássico de espionagem industrial rapidamente assume contornos muito mais ambiciosos quando Emi sofre alterações no seu ADN que lhe permitem adquirir novas habilidades, como ressaltar pelas paredes ou disparar lasers pelos seus dedos. Uma forma inspirada de juntar as atividades de uma “hacker” às mecânicas de um videojogo de ação. À medida que avançamos, Emi descobre muito mais do que imaginava – sem revelarmos demasiados elementos, na versão disponível na Gamescom 2024 foi possível realizar um combate contra um “boss” que vai muito além do que a premissa inicial do jogo parecia sugerir.
Imagem: Nintendo Europa
Yars Rising introduz o jogador de forma muito competente nas suas mecânicas. Embora o jogo nunca seja muito complexo, os movimentos e ações de Emi e a sua função no enredo são apresentados de forma bastante bem equilibrada, e nunca nos sentimos sem mãos a medir com a dificuldade nem demasiado aborrecidos com a falta dela. À ação simples que inclui saltos e coordenação (comum em jogos de plataformas) juntam-se os curtos combates com inimigos – a grande maioria robôs, nesta impressão – e a ação furtiva, onde vamos ter de passar despercebidos para evitar os alarmes e sistemas de defesa da empresa megalómana que estamos a enfrentar.
Onde Yars Rising merece um destaque especial é nas suas mecânicas de “hacking” – como referido, Emi vai usar as suas capacidades para obter habilidades novas em computadores que se encontram em pontos diferentes do edifício. Quando iniciamos uma destas ações, a jogabilidade de Yars Rising muda temporariamente e coloca-nos numa versão moderna do Yars’ Revenge original, onde temos de superar um minijogo com uma mecânica de um “shoot’em up” que é simultaneamente retro e bastante exigente. Se os primeiros minijogos são acessíveis, à medida que avançamos tornam-se mais e mais difíceis, e vamos ter de prestar atenção a várias ameaças simultâneas sempre com um limite de tempo. Uma forma muito bem pensada de trazer de volta o espírito do Yars’ Revenge original, e de manter uma experiência viva e variada neste Yars Rising. Se a tudo isto juntarmos um ambiente audiovisual muito bem conseguido que nos faz pensar numa banda desenhada de cores vivas, com belos efeitos de luz que nos remetem para um jogo retro, referências múltiplas à Atari e a algumas das suas relíquias históricas, ação fluida e uma cadência que nos motiva para continuarmos a jogar – é importante realçar que o tempo para o experimentar na Gamescom 2024 passou a voar – podemos então afirmar que temos bons motivos para aguardar a chegada de Yars Rising à Nintendo Switch pela mão da Atari, com data marcada para o próximo dia 10 de setembro deste ano. Até lá, o novo “trailer” sobre o enredo de Yars Rising já se encontra disponível.
Apreciador de jogos de outras épocas, não diz que não a uma boa obra dos nossos tempos. Diz-se que é por ele que passam os textos antes da publicação, o que significa que é uma espécie de boss final da escrita para os outros membros da equipa.