Sonic X Shadow Generations – Análise
Graças ao impulso das duas longa metragens, sobretudo a primeira de 2020, a série Sonic recebeu um novo vigor muito necessário. A década de 2010 foi difícil para o ouriço azul, com a grande exceção de Sonic Generations, jogo que celebra o melhor de dois mundos e que é uma revisão e celebração do legado de Sonic nos universos 2D e 3D. Agora que a geração de fãs mais recentes inclui bastantes pessoas para quem o primeiro contacto com Sonic foi no cinema, a SEGA tem feito os possíveis e impossíveis para atrair e reter os mais novos e redimir os mais velhos. Depois de Sonic Frontiers em 2022, a SEGA fez outra escolha segura e pegou em Generations, exemplo raro onde as opiniões positivas são muito consensuais.
A contagem decrescente para a estreia do terceiro filme deu um bom motivo para alavancar a personagem de Shadow (a quem a SEGA dedicou o ano de 2024). Foi anunciado que Sonic X Shadow Generations teria conteúdo adicional dedicado a Shadow, e com o jogo nas mãos comprovamos que esse novo conteúdo acaba por ser melhor que o original, o que faz deste um jogo ainda mais obrigatório. Isto é surpreendente se nos recordarmos que a base de Sonic Generations já era muito boa em 2011, e isso nota-se ainda hoje. As melhorias visuais são ligeiras e incidem sobre as texturas e cenários, bem como num aumento da resolução e fluidez para os padrões atuais. A jogabilidade mantém-se intacta. As mudanças que mais deram que falar estão sobretudo relacionadas com as sequências cinemáticas, onde alguns diálogos foram alterados para incluir referências a jogos passados mas sem mudanças na animação. Além destas mudanças técnicas e artísticas, foi também incluído o “drop dash” de Sonic Mania, e encontram-se cinco Chaos em cada nível para incentivar os jogadores a regressar aos locais já terminados. Lamenta-se apenas a oportunidade perdida para incluir mais conteúdo de jogos pós-2013, que teria encaixado muito bem em jeito de celebração.
Mas o que há então a dizer sobre Shadow Generations? A SEGA surpreendeu tudo e todos e traz-nos precisamente o que se espera ao juntar uma jogabilidade moderna ao enredo cativante e em linha com o legado da série. É realmente uma homenagem a Shadow, não tanto à sua presença mas ao que ele significa, e que funciona como reconciliação da forma como a SEGA tem tratado a personagem desde 2006. O enredo é importante e há muito que não tinha tanta importância na medida que estamos a falar de um ouriço azul que corre a velocidades elevadíssimas. Há um cuidado em apresentar o passado de Shadow repartido entre os acontecimentos de Sonic Adventure 2, Heroes e Shadow The Hedgehog. Mesmo assim e tal como acontece com Generations, o enredo continua a ser sobretudo um motivo para jogarmos com Shadow e percorrermos níveis que já conhecemos, bem como níveis novos.
Há no entanto uma questão a colocar pelos fãs: qual a necessidade de incluir dois níveis (de um total de seis) dedicados a dois jogos onde Shadow não teve importância ou nem sequer apareceu? Para a SEGA foi uma forma de reutilizar elementos de Forces e Frontiers, mas acaba por não haver espaço para, por exemplo, incluir um nível de Shadow the Hedgehog, nenhuma Westopolis ou Sky Troops, o que é uma pena uma vez que foi um jogo bastante importante para Shadow. Mas a restante escolha é boa, desde Rail Canyon a Kingdom Valley, são magníficos em termos de jogabilidade, desenho e estrutura dos níveis. Se anteriormente nos queixávamos da linearidade dos percursos, aqui temos uma boa margem para repetir os níveis várias vezes por caminhos alternativos. Temos dois atos por zona, um que segue um percurso 3D outro em 2D, além de desafios adicionais depois de os concluirmos. Tudo caminha para o confronto com Black Doom, que surge em momentos sucessivos, até a estrutura do nível se transformar na Radical Highway, num efeito retirado do filme de Dr. Strange.
Encontram-se também bastante objetos colecionáveis e combates contra antagonistas antigos e por vezes esquecidos. Shadow Generations distancia-se e vai além da fórmula de Sonic Generations. A SEGA criou um mundo base para Shadow muito semelhante ao de Sonic Frontiers com os seus problemas devidamente tratados. É muito divertido explorar e colecionar tudo o que há para fazer e apanhar, ainda que deixe sempre vontade de ter mais, mesmo ao fim de quase uma dúzia de horas. O jogo tenta também alinhar-se narrativamente com os eventos de Sonic Generations, sem nunca esquecer a tentativa de atar todas as pontas soltas entre os jogos. Não faltam homenagens a tudo o que foi a passagem de Shadow pela série, algo que os fãs vão notar. Por exemplo, a presença de Big The Cat e Omega, ausentes de Sonic Generations, ou a possibilidade de falarmos com Maria e Gerald sobre temas que ficaram por dizer devido a acontecimentos trágicos. Estes pormenores marcam a diferença e tocam a alma dos fãs, que aqui se vão sentir respeitados e validados.
Outras adições muito bem-vindas incluem os novos poderes de Shadow. Habilidades que vão desde o clássico “Chaos Control”, que nos permite desacelerar o tempo, e a possibilidade de surfar pela água. Estão muito bem integradas na jogabilidade e nunca se tornam excessivas. A nível de desempenho, este é superior a Sonic Generations e mais suave, ainda que na Nintendo Switch se encontre a 30 fotogramas por segundo. Não esquecendo a música, que é sempre um prato cheio em cada jogo novo. As novas composições aproximam-se do estilo de Frontiers, com uma mistura de techno, com destaque para a nova versão de All Hail Shadow dos Crush 40 na parte final do jogo e da versão refeita de Sunset Heights. Que mais há a dizer deste pacote incrível de dois grandes jogos? São mais do que recomendáveis para qualquer fã, e para os recém-chegados não há melhor entrada do que este Sonic X Shadow Generations. Com o terceiro filme aí à porta, nada melhor do que vir acompanhado de Shadow Generations, que é do melhor que já se viu na série desde… bem, desde Sonic Generations de 2011.
CONCLUSÃO
CONCLUSÃOPontos positivos
- Reintrodução de Sonic Generations para um novo público
- Shadow Generations é extraordinário e divertido
- Novo conteúdo com bom enredo e desenho de níveis
- Exploração do mundo base
- Banda sonora
Pontos negativos
- Falta de conteúdo de jogos mais recentes em Sonic Generations
- Mudanças nos diálogos
Entusiasta do mundo da Big N desde os tempos da Wii. Incontornável fã das plataformas de Mario à imersão de Metroid, da aventura de Zelda à estrategia de Pikmin, dispensando apenas a tranquilidade de Animal Crossing.